Banguecoque,
31 jul (Lusa) -- A resistência aos fármacos pelo parasita que causa a malária
estendeu-se a várias regiões do sudeste asiático, o que ameaça "seriamente"
os programas globais de controlo da doença, informaram hoje fontes científicas.
A
resistência à artemisina, principal tratamento contra a malária, generalizou-se
nesta região depois de ter sido detetada pela primeira vez em 2005 no oeste do
Camboja, onde anteriormente também foram detetadas resistências a outros
tratamentos atualmente em desuso.
A
investigação, publicada na revista "New England Journal of Medicine"
analisou 1.241 pacientes da estirpe mais perigosa do parasita em 10 países da
Ásia e África, e detetou uma resistência "estabelecida" no oeste e
norte do Camboja, Tailândia, Vietname e leste da Birmânia.
"Ainda
pode ser possível evitar a expansão da resistência do parasita da malária à
artemisina na Ásia e até na África, mas a janela de oportunidade está a
fechar-se rapidamente", disse em comunicado do diretor do estudo, Nicholas
White.
O
estudo não detetou nenhum tipo de resistência em países africanos analisados
como o Quénia, Nigéria e República Democrática do Congo, onde a eliminação do
parasita demorava apenas 1,8 horas em relação às sete enfrentadas pelos
pacientes da fronteira entre a Tailândia e o Camboja.
Nos
países africanos, o tratamento eliminava em 72 horas o parasita no sangue de
todos os pacientes, enquanto no leste da Tailândia, 68% continuavam, todavia,
infetados.
"Se
a resistência se expande da Ásia a África grande parte do progresso realizado
na redução da mortalidade pela malária será revertido", disse Jeremy
Farrar, diretor da Wellcome Trust, organização que financia a investigação.
"A
resistência antimicrobiana está a ocorrer agora. Isto não é uma ameaça para o
futuro. É uma realidade de hoje", acrescentou Farrar.
Metade
da população mundial está exposta a uma infeção de malária, cuja mortalidade
foi reduzida de 3,3 milhões de pessoas em 2000 para 600.000 na atualidade, a
maioria menores de cinco anos em países africanos.
Os
medicamentos baseados na artemisina são atualmente os únicos disponíveis para
tratar a malária.
FV
// FV - Lusa
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