segunda-feira, 28 de julho de 2014

Moçambique: GOVERNO E RENAMO ENTRAM NO “DIA DE TODAS AS DECISÕES”



O País (mz)

Na 65ª ronda do diálogo político, iniciado em Dezembro de 2012, o governo e a Renamo poderão hoje fixar os entendimentos que vão resultar no segundo “acordo geral de paz”

O Governo e a Renamo poderão selar, esta segunda-feira, o acordo final que poderá ditar o fim das hostilidades militares que desde o ano passado provocaram dezenas de mortes, na Estrada Nacional número 1 (EN1), em particular.

Depois de 64 rondas negociais, divididas entre recuos e avanços, com momentos de quase ruptura por meio, as partes anunciaram, semana finda, ter chegado a uma plataforma de entendimento que permitiu que 95% dos pontos em discussão tivessem acordo.

No seio da sociedade moçambicana, aguardam-se com expectativa as decisões da ronda negocial de hoje, que pode mesmo ditar um segundo “Acordo Geral de Paz” para o país.

De Roma a Maputo

Os acordos que podem hoje ser fechados entre o governo e a Renamo trazem consigo algumas semelhanças e factos curiosos. Enquanto o Acordo Geral assinado na capital italiana, a 4 de Outubro de 1992, foi o culminar de dois anos de conversações intensas, o acordo de Maputo está a ser negociado há cerca de ano e meio, mais precisamente 13 meses.

Segundo dados avançados pela equipa negocial do governo na actual crise político-militar, os acordos que forem fechados na ronda de hoje deverão passar pela chancela dos líderes das duas partes envolvidas no diálogo, nomeadamente, o Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, num encontro que, em princípio, deverá ter lugar em Maputo.

Para além do tempo de duração do diálogo entre os acordos de Roma e de Maputo ser aproximado, há ainda o facto de os dois acordos terem resultado de tensões militares que se traduziram em mortes de vários cidadãos, entre militares e civis.

Um negociador e dois signatários

Dentre as curiosidades entre Roma e Maputo, está o facto de o acordo que se prevê próximo estar nas mãos de duas personalidades que também estiveram envolvidas no fim da guerra dos 16 anos.

O acordo de Maputo vai passar pelo crivo do um dos negociadores-chefe e um dos signatários de Roma. Guebuza liderou a equipa negocial do governo, tendo como contraparte Raúl Domingos pela Renamo, enquanto Dhlakama foi o signatário, a par do então Presidente da República, Joaquim Chissano.

Dhlakama vai assinar, pela segunda vez, um acordo para devolver a paz aos moçambicanos, mantendo deste modo o papel desempenhado em 1992, enquanto Guebuza fá-lo-á pela primeira vez.

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