O
País (ao), editorial
África
está na boca do mundo por causa da epidemia do ébola, um vírus altamente mortal
que se vai espalhando por alguns países do continente. Tal como a epidemia das
guerras.
Em África morre-se de uma ou de outra forma. Se não é pela guerra é por doenças, ou pela fome. Tudo o que o homem pode evitar. As guerras, estas, sempre encontram forma de se financiarem, porque as bombas que matam e as balas não são, em larga escala, fabricadas no continente. Então, um continente que não fabrica armas é dos que mais as usam.
A
fome, muitas vezes em consequência das guerras, é outra causa de morte que
poderia ser evitada. A paz, boa distribuição, transportes, vias de comunicação
e energia é tudo o que é urgente e também tudo o que a guerra destrói em
primeiro lugar. Havendo paz e boas políticas de saúde. Apostando na prevenção,
na preservação do meio ambiente, na higiene. Apostando na formação de quadros e
na sua boa remuneração África seria outra.
As
doenças também poderiam ser evitadas ou, ao menos, os seus efeitos tão devastadores,
como acontece no continente africano. Em África morre-se de qualquer maneira.
Mas muitas delas poderiam ser evitadas, bastando que houvesse vontade política
que colocasse os africanos em primeiro lugar.
Os países mais desenvolvidos dizem-se preparados e pouco preocupados com uma eventual chegada do vírus do ébola aos seus territórios. Dizem ter condições para travar a sua propagação. África parece esquecer-se até das suas doenças endémicas até ao surgimento de novo surto, para expor-se à ajuda externa, para ver gente a morrer. Os líderes devem perceber que para vírus e bactérias não existem nem fronteiras, nem campos ideológicos, nem religiões. O continente precisa urgentemente de estabelecer padrões e políticas comuns de saúde pública, fundamentalmente na área da prevenção e dos mecanismos de alerta.
Sobretudo,
é preciso que os políticos africanos pensem bem nas suas acções e
consequências. A Libéria e a Serra Leoa são países saídos recentemente de
conflitos armados, que os desestruturaram, destruíram infra-estruturas e
capacidades humanas, são países expostos ao tipo de desgraça que é o ébola. Não
é política, não se trata de guerra, mas este novo surto da epidemia deveria
fazer os políticos pensar se as guerras são mesmo uma solução, porque provocam
atraso e destroem muito mais que edifícios e pontes. Continuam a matar gente,
como o que está a acontecer agora na Libéria e na Serra Leoa, como já aconteceu
noutras partes do continente.
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(ao)
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