sábado, 16 de agosto de 2014

Europa atira ‘no próprio pé’ ao impor sanções à Rússia, diz premiê húngaro




Correio do Brasil, com agências internacionais - de Budapeste

A União Europeia prejudicou a si mesma com as sanções impostas à Rússia por conta da crise na Ucrânia, disse nesta sexta-feira o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, pedindo por uma reconsideração. Os comentários de Orban acontecem um dia após seu homólogo eslovaco, o premiê Robert Fico, ter criticado as sanções como “sem sentido”, dizendo que elas ameaçam o crescimento econômico do bloco europeu, composto de 28 países.

– A política de sanções perseguida pelo Ocidente, ou seja, nós mesmos, uma necessária consequência ao que os russos estão fazendo, causa mais dano para nós do que para a Rússia. Na política, isso é chamado dar um tiro no próprio pé – disse Orban em uma entrevista no rádio.

A Hungria, um país orientado para as exportações, tem uma grande dependência de importações de energia da Rússia, e no começo deste ano Budapeste fechou um acordo com a empresa russa Rosatom para expandir a única usina nuclear húngara, em um acordo de 10 bilhões de euros (US$ 13 bilhões). A Rússia também é o maior parceiro comercial da Hungria fora a União Europeia, com exportações de 2,55 bilhões de euros em 2013.

– A UE não deve apenas compensar os produtores de alguma forma, sejam eles poloneses, eslovacos, húngaros ou gregos, que agora têm que sofrer perdas, mas como toda a política de sanções deve ser reconsiderada – disse Orban.

Ministros das Relações Exteriores da UE realizaram uma reunião de emergência nesta sexta-feira para discutir os conflitos na Ucrânia e no Iraque. Orban já sinalizou oposição às sanções econômicas contra a Rússia por medo de que o caso prejudique a economia doméstica. Nesta sexta-feira, ele disse que buscaria maneiras de facilitar uma reconsideração.

– Eu farei meu máximo. É claro que estamos todos cientes do peso da Hungria, então as possibilidades são claras, mas estou buscando parceiros para mudar a política de sanções da UE, a qual eu acho que não foi considerada com suficiente meticulosidade – afirmou o premiê.

O Ministério da Agricultura da Hungria disse em nota, na terça-feira, que as exportações agrícolas não seriam prejudicadas significativamente pelo embargo de importações da Rússia a uma grande variedade de alimentos vindos da UE, mas tende a revisar a declaração.

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