A
decisão de criação do Fórum de Intervenção e Cidadania resultou da 1ª
Conferência Nacional da Juventude organizada a 14 de Agosto na capital angolana.
Agostinho
Gayeta – Voz da América
Com
o objectivo de influenciar a tomada de decisão no que as políticas versadas à
juventude dizem respeito, nos próximos dias será apresentado oficialmente mais
um novo espaço para discussão e apresentação de alternativas para os problemas
da juventude angolana.
A
decisão de criação do Fórum de Intervenção e Cidadania resultou da 1ª
Conferência Nacional da Juventude organizada a 14 deste mês (Agosto) na capital
angolana. A actividade decorreu sob a orientação de uma plataforma de
jovens da sociedade civil na qual figuram Nfuca Muzemba, deputado à Assembleia
Nacional pela UNITA (maior partido na oposição em Angola) e Walter Ferreira,
estudante universitário. Dois rostos bem conhecidos no mosaico político e no
activismo social angolano.
Preocupações
como a ausência de um balanço a respeito do diálogo juvenil e de vários outros
fóruns realizados em prol da juventude, motivaram a realização da 1ª
conferência nacional.
De
acordo com Nfuca Muzemba um ano é tempo suficiente para que se apresentem os
resultados da auscultação dos jovens levada a cabo pelo governo angolano em
todos os municípios do país.
O
deputado entende que grande parte das iniciativas juvenis não é de inclusão e
por esta razão não se traduzem em sucesso.
Segundo
o dinamizador do projecto, outras preocupações da juventude foram identificadas
dai a necessidade de criação de num novo espaço de intervenção e cidadania dos
jovens para influenciar a tomada de decisão em falta, por parte do estado.
«Achamos
nós interessante a necessidade criação de um espaço de intervenção e cidadania
dos jovens como um meio de influenciar a tomada das decisões que andam em falta
em torno das políticas juvenis do estado», assegurou o parlamentar.
Para
ele de alguma forma precisa-se “pressionar as instituições vocacionadas à
juventude no sentido de adoptarem medidas que visam necessariamente dar
resposta imediata aos problemas que abalam os jovens no seu dia-a-dia”.
Volvido
um ano após a sua realização o Diálogo Juvenil do ponto de vista prático não
produziu qualquer efeito, apesar dos vários relatórios encaminhados ao governo
central.
Estas
são entre outras, as preocupações que por outro lado motivaram a organização da
Conferência Nacional da Juventude e a liderança de um projecto de criação do
Fórum de Intervenção e Cidadania.
Problemas
como a falta de garantias do sonho da casa própria, o primeiro emprego,
dificuldades de formação académica e técnico-profissional, o alcoolismo, a
prostituição, o consumo de drogas enfermam a juventude De Angola. São
preocupações como estas sobre as quais o Fórum de Intervenção e Cidadania vai
debruçar e diante das autoridades pressionarem e discutirem as soluções
que favoreçam a camada juvenil do estado angolano.
As
situações precárias vividas pela juventude angolana, segundo o dinamizador do
Fórum, é também resultado da ausência de uma intervenção mais firme da
sociedade civil, daí que “seja necessário que se apresentem iniciativas
diferentes, mas estas devem ser provenientes dos próprios jovens”.
A
oficialização do Fórum de Intervenção e Cidadania está prevista para este mês.
O
FIC será, de acordo com o seu dinamizador, um espaço apenas de carácter
organizativo e institucional, sem pendor político-partidário e que visará
somente restituir e garantir aos jovens os seus direitos e garantias
fundamentais.
«Esta
iniciativa é social, não tem cariz político-partidário. É a melhor forma que
temos de contribuir para garantirmos a defesa e os direitos dos jovens que ora
são violados, ora são garantidos», frisou.
Ainda
não está claro como será sustentado este espaço do ponto de vista das finanças,
mas Nfuca Muzemba está confiante que o fórum venha merecer o crédito e o
consequente apoio de todos jovens angolanos.
«Queremos
aceitar que os próprios jovens vão ter a amabilidade de contribuir porque vão
se identificar com o projecto aprovado”. A causa é comum, é de todos
independentemente da filiação político-partidária, da crença religiosa e do
sexo. Aqui há uma causa comum que são os jovens angolanos. Queremos única e
simplesmente garantir a defesa dos seus direitos, liberdades, garantias e interesses»,
concluiu.
O
Fórum de Intervenção e Cidadania surge numa altura os braços juvenis de vários
partidos políticos na oposição têm sido criticados por terem recebido viaturas
oferecidas pelo Ministério da Juventude e Desporto dirigido por Gonçalves Mwandumba.
O
Jurista e docente universitário Albano Albano Pedro entende que os vários pólos
juvenis, sejam políticos e da sociedade civil, alardeiam uma política viciada
cada vez menos acolhida pelo povo. Para ele o que se precisa é uma nova
estratégia que anime as novas perspectivas com uma visão menos unipolar.
Albano
Pedro pensa também que o Fórum de Intervenção e Cidadania deverá avançar em
concertações efectivas e ultrapassar a agenda dos partidos políticos em relação
a juventude.
“Logo
a seguir seria mesmo avançar para concertações efectivas para que a juventude
tome rédeas da situação política actual que nós vivemos e na verdade se
proponha a ultrapassar as agendas dos partidos políticos”, esclareceu.
A
denominada 1ª Conferência Nacional da Juventude de onde surgiu a ideia de
criação do Fórum de Intervenção e Cidadania reuniu à mesma mesa distintos
membros da sociedade civil, políticos e académicos proveniente dos vários
pontos do país com destaque para as províncias do Huambo e Benguela.
O
músico MC K participou deste colóquio e disse ter saído com uma ideia positiva
pelo facto de se colocar os jovens no centro das decisões, diferente de outros
fóruns onde são os mais adultos a discutirem os problemas dos mais jovens sem a
sua participação.
«Salienta-se
o facto de terem sido jovens a criarem um espaço para os jovens debaterem”.
Jovens a criarem um espaço para colocarem os jovens na decisão dos seus
problemas. Jovens a criarem um espaço inclusivo de diálogo e de entendimento em
relação aos problemas da juventude», explicou o músico cujos temas por si
interpretados são maioritariamente de intervenção social.
Juelma
Miguel é estudante universitária do Curso de Direito. Ela foi uma das delegadas
provenientes da província do Huambo para participar na Conferência Nacional da
Juventude.
A
universitária disse que o espaço de debate foi útil para apresentação das
questões que “pintam a negro” o quadro da situação dos jovens da província
planáltica do Huambo.
A
falta de oportunidade de formação e de emprego no Planalto central são as
preocupações levantadas pela estudante universitária;
«Penso
que com uma juventude formada teremos uma juventude sadia. Há carência de
emprego (no Huambo) e cá estávamos a discutir algumas soluções que podem ajudar
os jovens», disse.
Durante
o colóquio que inspirou o surgimento do FIC estiveram em debate temas como: A
necessidade e os ganhos do diálogo juvenil, apresentado pelo Sociólogo e
Jornalista João Paulo Ganga e O Compromisso da juventude para com a cidadania,
dissertado pelo Jurista Albano Pedro.
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