João
Luís
Esta
é uma frase que uma amiga brasileira costuma empregar quando o seu companheiro
sai para “comprar cigarros”.
Esta
introdução vem a propósito do que ouço dizer sobre a nacionalização da banca,
concretamente sobre (ainda) o BPN e os prejuízos por ela causados aos
contribuintes (assim nos tratam os partidos “moderados”. Eles não dizem povo,
pff que horror, mas sim, contribuintes), versus a necessidade de nacionalização
da banca comercial defendida pelos “radicais” comunistas.
Desculpem
usar uma linguagem pouco formal, mas se há coisa que mais chateia cá o indígena
é quererem fazer-me de parvo. Comparar uma nacionalização de prejuízos deixando
para os accionistas o “filet mignon” (2) e para o povo o sebo (3), com a nacionalização
dos passivos sim mas também de todos os activos de um banco, não é a mesma
coisa.
Vamos
então por os pontos nos is
No
caso BPN, «o Governo deixou nas mãos dos accionistas – alguns dos quais
fortemente responsáveis pela gestão fraudulenta do BPN – toda a parte restante
do Grupo SLN. Permaneceram na posse dos accionistas activos muito relevantes,
designadamente de natureza imobiliária (por exemplo, imóveis próximos de futuro
aeroporto de Alcochete, ou em zonas turísticas privilegiadas do Algarve (…).
Mesmo em contexto económico desfavorável, só estes activos imobiliários da SLN
foram avaliados em cerca de mil e trezentos milhões de euros» (4)
A
20 de Dezembro de 2012, defendia o PCP pela voz de Jorge Pires, membro da
comissão política daquele partido, «o PCP defende uma nacionalização efectiva,
e não a prazo, como aconteceu, e que o BPN fosse nacionalizado enquadrado na
nacionalização do grupo" - a Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que
entretanto mudou o nome para Galilei -, defendeu o responsável comunista,
acrescentando que "era no conjunto da sociedade que estavam os melhores
activos do grupo». (5)
Mas,
mais curioso ainda foi o facto de os únicos partidos com assento parlamentar
que votaram contra a norma que determinava de facto a nacionalização do BPN,
foram o PCP e o PEV, e quem votou favoravelmente a norma que nacionalizou todas
as acções representativas do capital social do BPN (n.º 2 do artigo 2.º da lei
de «nacionalização» do BPN, a Lei 62-A/2008), foi o PS e o BE, tendo o PSD e o
CDS optado pela abstenção. (6)
Voltando
à vaca fria, é exercício de má fé e pura velhacaria comparar a achavascada
“nacionalização” do BPN com aquilo que defendem os comunistas.
Os
“moderados” defendem uma banca comercial ao serviço do desenvolvimento das carteiras
dos salgados deste mundo, ao invés, os “radicais defendem que essa banca seja
colocada ao serviço do povo e da economia do país.
E
agora algo completamente diferente (7). Quem fica com o lucrativo Hospital da
Luz? O Novo Banco ou o Banco Espírito Santo, ámen?
Notas
e fontes:
(1) Diz-se de uma coisa que nem você acredita
que vai acontecer, mas mesmo assim, por conveniência, obrigação ou
irresponsabilidade, jura que vai ser um sucesso. A audiência, em geral, logo
percebe e pensa (muitas vezes só para ela mesmo) que quem está fazendo o
discurso ou defendendo a tese é um enganador.
(2) É um tipo de corte de carne bovina. É a
parte mais tenra da ponta do filé, localizada na parte traseira do animal e
representa, aproximadamente, 2,95% da carcaça. É o corte mais macio da carne
bovina e quase não contém gordura.
(3) Parte gordurenta das vísceras dos animais
ruminantes.
(4) Honório Novo – revista «O Militante» n.º
311 de Mar/Abr 2011.
(7) Obrigado Monty Python ou Upton Sinclair
(decidam-se sobre a autoria da frase)
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