Corre
em baixo a notícia veiculada pela Agência Lusa que refere que quatro
deputados na Assembleia Legislativa de Macau tecem “duras críticas” e rejeitam
a realização do “referendo civil sobre sufrágio universal em Macau”, à
semelhança do que ocorreu na vizinha Hong Kong e que foi um sucesso.
Seria
de espantar que naquela que devia de ser a casa da democracia em Macau, a
Assembleia Legislativa, exista quem nela se julgue dono da democracia. Infelizmente a realidade nos mostra que nem há lugar a espanto porque aqueles deputados nem sequer foram eleitos democraticamente
mas sim nomeados pelo chefe do executivo. Quatro aberrações de uma pretendida mas não efetivada democracia naquelas paragens asiáticas.
São
aqueles quatro ocupantes da AL fruto da democracia avacalhada que existe em
Macau, como noutras partes do mundo. E até se sentem bem, com legitimidade que
nem foi sufragada, balindo contra um proposto ato democrático de insatisfeitos do regime vigente que simplesmente propõem e querem realizar um referendo, realmente democrático, de consulta à população.
Está
visto que o Bando dos Quatro ressuscitou na China. Desta feita em Macau. Quatro donos
da democracia, bacocos. A defender o indefensável. Esperemos que o referendo se realize, decorra de forma livre e democrática, em paz. Como mandam as regras da democracia de
facto.
Mário
Motta/PG
Deputados
apelam ao boicote a referendo civil sobre sufrágio universal em Macau
Macau,
China, 13 ago (Lusa) -- Quatro deputados à Assembleia Legislativa de Macau
teceram hoje duras críticas ao referendo civil sobre o sufrágio universal,
apelando mesmo ao boicote à iniciativa agendada para o final do mês.
Numa
intervenção conjunta apresentada no período antes da Ordem do Dia do plenário
de hoje, Tsui Wai Kwan e Dominic Sio -- ambos deputados nomeados pelo chefe do
Executivo -- afirmaram esperar que "os residentes, na sua generalidade,
sejam racionais, que se informem bem sobre a eleição em causa e o
desenvolvimento do regime político e que se recusem a aceitar o designado
'referendo civil'".
"Vamos
contrariá-lo em prol do desenvolvimento de Macau", instaram, numa alusão
ao referendo promovido por três associações pró-democracia, e considerado
ilegal pelo Governo, que vai ter lugar entre os dias 24 e 30, ou seja, nas
vésperas da escolha do chefe do Executivo, por um colégio eleitoral, marcada
para o último dia do corrente mês.
Sendo
uma Região Administrativa Especial da China subordinada ao Governo Central,
Macau "não tem competência para decidir ou alterar, por si, o regime
político ou criar um regime de referendo civil", pelo que "quem tiver
intenção de afetar o regime político através do tal 'referendo civil' viola o
estatuto jurídico de Macau", frisam.
Para
Dominic Sio e Tsui Wai Kwan, desde o estabelecimento da Região Administrativa
Especial, "o desenvolvimento económico tem alcançado resultados
brilhantes, a vida dos residentes melhorou bastante, a sociedade é harmoniosa e
estável e o regime político democrático está a ser desenvolvido de forma
ordenada", devendo-se a prosperidade e a harmonia "ao alto grau de
autonomia consagrado pela Pátria, à sua confiança em Macau e ao grande apoio
que tem dado e ainda aos esforços conjuntos das gentes de Macau".
Neste
sentido, "esse referendo só vai dividir as gentes de Macau, destruir a
tranquilidade social, dececionar o Governo Central, que confia em Macau e
sempre nos tem apoiado, e ainda colocar Macau numa situação de oposição extrema
ao Governo Central", vincaram, deixando uma questão ao plenário: "Um
resultado destes não vai impulsionar o desenvolvimento democrático do regime
político, não concordam?"
Embora
admitam que impulsionar o desenvolvimento democrático "é objetivo comum
das gentes de Macau" advogam que tal deve ser feito de modo gradual e
"nunca de forma precipitada".
Vong
Hin Fai e Gabriel Tong -- igualmente nomeados e ambos formados em Direito --
também se debruçaram sobre o tema, apontando desde logo que "é preciso
saber que se recorre a um referendo quando se trata de um assunto sério".
"Macau
não é um Estado soberano, e a sua Lei Básica não permite que se recorra a um
referendo para votação sobre assuntos a nível constitucional e político,
incluindo sobre alterações à Lei Básica. Assim, em Macau, independentemente de
se tratar do órgão executivo ou do legislativo ou de qualquer associação, não
se pode promover a realização de um referendo", advogam.
Para
os deputados, "o promotor do chamado 'referendo civil' sabe muito bem que
a lei não permite esta atividade, mas insiste em avançar", pelo que se
afigura "claro que este tem por intenção difundir junto dos residentes
desconhecedores uma noção errada, isto é, 'o referendo não viola a lei', no
sentido de criar um ambiente onde todos os assuntos políticos e públicos se
sujeitem à decisão pública".
Vong
Hin Fai e Gabriel Tong alertam ainda para a "grave instabilidade
social" que a realização de um referendo civil sobre o método de eleição
do chefe do Executivo provocou na vizinha Hong Kong, no final de junho.
"Para
a população de Macau que defende a Lei Básica e os princípios de 'um País, dois
sistemas' e 'Macau administrada pelas suas gentes' entende-se que um ato que se
destina a prejudicar a ordem constitucional e política e a provocar
instabilidade social é muito perigoso e inaceitável", realçaram.
Organizado
por três associações pró-democracia, o referendo pretende sondar a opinião
pública acerca da aplicação do sufrágio universal na eleição do chefe do
Executivo em 2019.
DM
(ISG) // EL - Lusa
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