quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Cabo Verde: VER DE PERTO DUAS ESPÉCIES DE BALEIAS A PASSAR NA ILHA DE MAIO


TURISMO CPLP

Maio é dos poucos lugares no mundo onde se pode ver a passagem de duas populações diferentes de baleias - bióloga

Porto Inglês, 18 Set (Inforpress) – A ilha do Maio é um dos poucos lugares no mundo onde se pode ver de perto a passagem de duas populações diferentes de baleias, ao longo do ano, uma na Primavera e outra no Outono.

A afirmação é da bióloga lituânia Edita Margileviicute, responsável pelo projecto de monitorização das baleias, na Fundação Maio Biodiversidade (FMB), baseada na ilha do Maio, uma das quatro que enformam o Grupo Sotavento, do arquipélago cabo-verdiano e que considerada rica em peixe.

Margileviicute, que falava em entrevista à Inforpress, explicou que além da sua raridade no mundo, esse espectáculo natural tem o condão de, em Cabo Verde e na ilha do Maio, ser observado de muito perto a partir da praia, com os protagonistas (baleias) provenientes do norte e do sul, em épocas diferentes.

“Ainda hoje vimos as baleias a passearem na baía de Beach Rotcha (Porto Inglês), aproximadamente a quinhentos metros da praia, o que é raro em outras ilhas deste país e mesmo em outras partes do mundo, e isso é tanto importante para a ilha do Maio como para Cabo Verde no geral em termos da riqueza da biodiversidade”, realçou a bióloga.

Edita Margileviicute disse à Inforpress que neste momento ainda possuem pouca informação sobre este assunto, tendo em conta que iniciaram este projecto há um ano, mas das pesquisas feitas até hoje já detectaram a passagem de duas populações diferentes desta espécie confirmando as informações recolhidas junto dos profissionais do mar.

Segundo informou, de facto essas duas populações são diferentes: a primeira, que começam a chegar à ilha no início do mês de Fevereiro, destaca-se pela cor branca na cauda e é vista até os meados do mês de Junho, enquanto a segunda possui a cauda escura e desloca-se do sul, precisamente de Antárctida, e pode ser visto a partir do mês de Agosto até Dezembro.

Entretanto, explicou que no início do projecto fizeram vários inquéritos junto dos pescadores e mergulhadores da ilha que os informaram que, por estas alturas do ano sempre viam baleias, facto que está sendo confirmado agora com as pesquisas científicas que tiveram início no terreno.

De acordo com a bióloga, essa constatação poderá despertar interesse tanto por parte de pesquisadores internacionais como de turistas.

A começar, indicou que encontram-se na ilha alguns estudantes da Universidade de Berningam que estão a fazer pesquisas e recolha de ADN dessas duas espécies, para poderem investigar e comparar com os que deslocam do norte em direcção ao este e oeste africano, e consigam deste modo obter uma informação mais pormenorizada das mesmas.

Para Daniel Santos, técnico da Fundação Mio Biodiversidade, a ilha do Maio tem muito a ganhar no futuro com essas pesquisas em termos de ecoturismo, visto que existem muitos turistas que preferem ver de perto uma baleia e neste sentido apela aos maienses que colaborem com a instituição, no sentido de puderem ter mais informações se essas mesmas baleias podem ser vistas em todas as praias da ilha.

“Na cidade do Porto Inglês, assim como nos povoados de Calheta e Barreiro temos equipas no terreno, mas nas outras localidades ainda não, por isso queremos realizar uma formação destinada aos voluntários para lhes mostrar o que devem fazer para realizar esse trabalho e nos ajudarem na detecção desta espécie em toda a ilha”, frisou.

Daniel Santos disse ainda estar convicto de que, com a informação exacta de que é possível ver essas espécies em qualquer ponto da ilha, vai ser possível desenvolver um turismo diferente do que se vem praticando nas outras ilhas do país, e com isso será possível desenvolver o ecoturismo de que tanto carece a ilha, e deste modo contribuir para diminuição do desemprego.

Actualmente trabalham com a Fundação Maio Biodiversidade cerca de seis biólogos de várias nacionalidades estrangeiras ocupando-se com tarefas de monitorização de baleias, tartarugas, aves migratórias e outras espécies.

O único biólogo nacional nessa instituição, Leno dos Passos, é o coordenador das patrulhas que cobrem as praias em várias localidades da ilha do Maio.

A Fundação Maio Biodiversidade (FMB) foi estabelecida no ano de 2010 quando a necessidade da conservação do ambiente e da biodiversidade se tornou evidente na ilha do Maio, em Cabo Verde. A Fundação tem como finalidade proteger a fauna e a flora únicas da ilha e, simultaneamente, criar oportunidades e benefícios a longo prazo para a população.

A Fundação foi oficializada 05 de Março de 2010 pelo Ministério do Ambiente (Boletim Oficial, III Série, Número 10, página 178).

WN – Inforpress

*Título PG

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