Maio
é dos poucos lugares no mundo onde se pode ver a passagem de duas populações
diferentes de baleias - bióloga
Porto
Inglês, 18 Set (Inforpress) – A ilha do Maio é um dos poucos lugares no mundo
onde se pode ver de perto a passagem de duas populações diferentes de baleias,
ao longo do ano, uma na Primavera e outra no Outono.
A
afirmação é da bióloga lituânia Edita Margileviicute, responsável pelo projecto
de monitorização das baleias, na Fundação Maio Biodiversidade (FMB), baseada na
ilha do Maio, uma das quatro que enformam o Grupo Sotavento, do arquipélago
cabo-verdiano e que considerada rica em peixe.
Margileviicute,
que falava em entrevista à Inforpress, explicou que além da sua raridade no
mundo, esse espectáculo natural tem o condão de, em Cabo Verde e na ilha do
Maio, ser observado de muito perto a partir da praia, com os protagonistas
(baleias) provenientes do norte e do sul, em épocas diferentes.
“Ainda
hoje vimos as baleias a passearem na baía de Beach Rotcha (Porto Inglês),
aproximadamente a quinhentos metros da praia, o que é raro em outras ilhas
deste país e mesmo em outras partes do mundo, e isso é tanto importante para a
ilha do Maio como para Cabo Verde no geral em termos da riqueza da
biodiversidade”, realçou a bióloga.
Edita
Margileviicute disse à Inforpress que neste momento ainda possuem pouca
informação sobre este assunto, tendo em conta que iniciaram este projecto há um
ano, mas das pesquisas feitas até hoje já detectaram a passagem de duas
populações diferentes desta espécie confirmando as informações recolhidas junto
dos profissionais do mar.
Segundo
informou, de facto essas duas populações são diferentes: a primeira, que
começam a chegar à ilha no início do mês de Fevereiro, destaca-se pela cor
branca na cauda e é vista até os meados do mês de Junho, enquanto a segunda
possui a cauda escura e desloca-se do sul, precisamente de Antárctida, e pode ser
visto a partir do mês de Agosto até Dezembro.
Entretanto,
explicou que no início do projecto fizeram vários inquéritos junto dos
pescadores e mergulhadores da ilha que os informaram que, por estas alturas do
ano sempre viam baleias, facto que está sendo confirmado agora com as pesquisas
científicas que tiveram início no terreno.
De
acordo com a bióloga, essa constatação poderá despertar interesse tanto por
parte de pesquisadores internacionais como de turistas.
A
começar, indicou que encontram-se na ilha alguns estudantes da Universidade de
Berningam que estão a fazer pesquisas e recolha de ADN dessas duas espécies,
para poderem investigar e comparar com os que deslocam do norte em direcção ao
este e oeste africano, e consigam deste modo obter uma informação mais
pormenorizada das mesmas.
Para
Daniel Santos, técnico da Fundação Mio Biodiversidade, a ilha do Maio tem muito
a ganhar no futuro com essas pesquisas em termos de ecoturismo, visto que
existem muitos turistas que preferem ver de perto uma baleia e neste sentido
apela aos maienses que colaborem com a instituição, no sentido de puderem ter
mais informações se essas mesmas baleias podem ser vistas em todas as praias da
ilha.
“Na
cidade do Porto Inglês, assim como nos povoados de Calheta e Barreiro temos
equipas no terreno, mas nas outras localidades ainda não, por isso queremos
realizar uma formação destinada aos voluntários para lhes mostrar o que devem
fazer para realizar esse trabalho e nos ajudarem na detecção desta espécie em
toda a ilha”, frisou.
Daniel
Santos disse ainda estar convicto de que, com a informação exacta de que é
possível ver essas espécies em qualquer ponto da ilha, vai ser possível
desenvolver um turismo diferente do que se vem praticando nas outras ilhas do
país, e com isso será possível desenvolver o ecoturismo de que tanto carece a
ilha, e deste modo contribuir para diminuição do desemprego.
Actualmente
trabalham com a Fundação Maio Biodiversidade cerca de seis biólogos de várias
nacionalidades estrangeiras ocupando-se com tarefas de monitorização de
baleias, tartarugas, aves migratórias e outras espécies.
O
único biólogo nacional nessa instituição, Leno dos Passos, é o coordenador das
patrulhas que cobrem as praias em várias localidades da ilha do Maio.
A
Fundação Maio Biodiversidade (FMB) foi estabelecida no ano de 2010 quando a
necessidade da conservação do ambiente e da biodiversidade se tornou evidente
na ilha do Maio, em Cabo
Verde. A Fundação tem como finalidade proteger a fauna e a
flora únicas da ilha e, simultaneamente, criar oportunidades e benefícios a
longo prazo para a população.
A
Fundação foi oficializada 05 de Março de 2010 pelo Ministério do Ambiente
(Boletim Oficial, III Série, Número 10, página 178).
WN
– Inforpress
*Título
PG
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