Pai
compra tênis à vista para os filhos, é tratado como ladrão e dá uma aula de
resistência negra para a PM
As
cenas de racismo explícito que vemos nos vídeo nos indigna. Mas a reação do pai
à abordagem dos policiais que praticam racismo institucional como das pessoas
que assistiram-na, dá-nos algum alento. Tanto as vítimas como as pessoas
ao redor dão nome aos bois. Há um dado momento que um coro grita uníssono: Preconceito! Preconceito! Preconceito!
Perguntas:
Foi prestada queixa contra a abordagem racista praticada pelo Estado?
O
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a corregedoria da polícia fará algo
em relação a isso?
A
formação de uma nova polícia para substituir esses desqualificados vai se
iniciar quando?
O
vídeo foi postado por Fabiana Alves em seu Facebook. De acordo com ela, o fato aconteceu
dia 29 de agosto no calçadão de São José dos Campos, São Paulo: “Um homem e
dois garotos foram abordados por policiais que disseram que tinham recebido uma
denúncia de roubo.” Para mentes racistas, os primeiros negros vistos só
poderiam ser os ladrões e para mentes racistas a abordagem violenta dos mesmo
se justifica.
Fabiana
relata que indignado, o pai dos garotos mostrou a nota fiscal dos tênis
que havia comprado a vista. Cheio de revolta e desespero o pai
informa aos policiais racistas que seus filhos são trabalhadores e estudam, um
deles inclusive é bolsista do PROUNI.
De
acordo com o relato de Fabiana, o pai disse aos policiais que estavam no
direito de averiguar a denúncia, mas não de prejulgar. Como podemos ver no
vídeo, a abordagem da PM foi padrão de seu cotidiano violento – primeiro
humilha, julga, violenta, para depois descobrir que as vítimas do racismo
institucional não eram os supostos ladrões.
Os
suspeitos são comumente tratados como criminosos, sempre prejulgados, a polícia
militar faz age como se fosse polícia civil e Justiça. A
abordagem completamente inadequada teve revista corporal, forçou as
vítimas a colocar a cara na parede, acusou pai e filhos de ladrões, com
policiais gritando no ouvido do pai que ele havia roubado.
O
desfecho só não foi mais violento porque a multidão reagiu: pessoas começaram a
filmar a abordagem dos policiais e se uniram às vítimas. Só assim os policiais
recuaram.
Há
um momento que todo pai que ama seus filhos agiria da mesma forma que este pai
agiu. Ele protege seus filhos com o próprio corpo criando uma barreira entre os
policiais e seus filhos. Ele enfrenta os policiais, dizendo com o corpo e com
seu clamor indignado algo como: nos meus filhos vocês não vão tocar, não vão
levar para a delegacia. Esse é um dos momentos que a multidão ao redor também
toma partido das vítimas e enfrenta os policiais. Há uma moça que se aproxima
dos policiais e grita: “Não vai levar! Durante todo este tempo podemos ver que
o pai tem um papel na mão, possivelmente o cupom fiscal da compra e os
policiais não checam o documento para averiguar que ele fala a verdade!
Nas
cenas podemos ver que a indignação das pessoas vai se ampliando, os policiais
são chamados de ‘coxinhas’. A moça que enfrentou o policial, checa o papel na
mão da vítima e grita, ele pagou! Quando o pai consegue esticar o cupom
fiscal e mostrar pra multidão ao redor, as pessoas aplaudem, gritam numa
explosão de alegria e alívio, como se em uníssono dissessem, agora esses
‘coxinhas’ vão parar de violentar esta família. O pai, dá uma aula sobre
racismo e esteriótipos contra os negros e diz:
“No
Brasil somos 52% da população. Existe negro sem vergonha. Existem branco sem
vergonha.” Alguém na multidão grita: Racismo! e o restante em coro:
“Preconceito, preconceito, preconceito!”
O
pai continua: “Chega de racismo neste país, chega de genocídio!” Chega, chega,
chega, cansei!
Será
que os policiais desqualificados, que explicitaram seu racismo na abordagem
violenta, entenderam a lição dada pelas vítimas? O povo compreendeu perfeitamente.
As
falas cheia de revolta do pai, como diz Fabiana, é um desejo do pai de “mostrar
que o RACISMO existe sim e é uma praga em nosso país.”
Tudo
isso em quatro minutos de vídeo, onde já estava mais que comprovado que as
vítimas não eram ladras e mesmo assim a polícia ainda os mantinha ali. A
população passa a gritar: “Libera! Libera! Libera!”
O
pai convoca: “Nós vamos para a delegacia todo mundo!” Convoca testemunhas. E
afirma que o sistema prisional no Brasil é contra os negros.
Os
policiais desqualificados tentam impedi-lo de continuar e ele grita: “Eu vou
provar, olha o tanto de gente aqui, ó.”
Tomara
que esse pai humilhado e violentado pela PM na frente de seus filhos siga em
frente e processe esses policiais despreparados, processe o governo do estado
de São Paulo que mantém esta polícia despreparada, violenta e racista e tomara
que a multidão que se solidarizou diante da barbárie não recue e sirvam como
testemunha deste descalabro.
Fonte: Geledes, em Black Brasil
Fonte: Geledes, em Black Brasil
Título
PG
Sem comentários:
Enviar um comentário