terça-feira, 23 de setembro de 2014

Líderes de protestos contra as operadoras de jogo em Macau acusados de desobediência qualificada




Macau, China, 23 ago (Lusa) - Cinco nomes fortes da associação de trabalhadores dos casinos Forefront of Macau Gaming foram acusados de desobediência qualificada por terem, alegadamente, quebrado uma barreira policial durante o protesto geral de 25 de agosto.

A notícia foi avançada na segunda-feira à noite pela TDM, emissora pública de Macau, e confirmada à agência Lusa pela polícia.

Ieong Man Teng e Lei Kuok Keong, presidente e vice-presidente da associação, respetivamente, foram constituídos arguidos pelo crime de desobediência qualificada, juntamente com outros três líderes do grupo. Há cerca de dois meses que a Forefront of Macau Gaming tem vindo a liderar manifestações contra as operadoras de jogo.

Em causa está o protesto geral de 25 de agosto, convocado contra todas as operadoras de jogo, em que os manifestantes - que pediam aumentos salariais e melhores políticas de progressão na carreira - terão quebrado uma barreira policial.

Duas semanas depois do protesto, os líderes da associação foram notificados, mas só ontem divulgaram a situação.

"Se a polícia achou que tínhamos cometido algum crime, podia ter-nos detido e acusado naquele dia", disse à TDM Lei Kuok Keong.

À Lusa, a polícia explicou que o percurso da manifestação foi acordado previamente com os promotores, no entanto, chegada à altura, junto à Rua de Sintra, onde se encontrava a barreira policial, os manifestantes "ficaram muito agressivos e tentaram romper o cordão da PSP".

Esse objetivo terá sido cumprido, dizem as autoridades, "causando um problema de trânsito e um perigo à segurança dos peões".

Apesar de os manifestantes terem regressado ao circuito original, "violaram a lei", afirma a polícia. No mesmo dia, a PSP realizou um relatório e denunciou o caso ao Ministério Público que abriu uma investigação criminal. Na sequência desta investigação, os cinco membros da associação foram constituídos arguidos, diz a polícia.

Em declarações à TDM, Lei Kuok Keong garantiu que o grupo voltou ao trajeto original "depois do último aviso da polícia".

Os líderes da Forefront acusam a PSP de ter contactado as suas famílias, ao invés de os notificar diretamente.

"Os nossos familiares questionaram-se se também os estamos a implicar a eles, e se existe culpa por associação. Os nossos pais já têm alguma idade. Se começarem a ficar assustados, isso pode ser grave. Não percebo porque é que a polícia usa este método e tenho medo que venha às nossas casas para falar com os nossos familiares", disse o vice-presidente da associação à televisão de Macau.

A polícia não quis prestar esclarecimentos sobre os contactos com os familiares dos arguidos, apesar de a TDM ter noticiado que esta situação foi negada pela PSP.

ISG // JCS - Lusa

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