Hong
Kong, China, 21 set (Lusa) -- Milhares de estudantes de Hong Kong iniciam na
segunda-feira uma semana de boicote às aulas, ação descrita como o arranque de
uma ampla campanha de desobediência civil contra a recusa de Pequim em garantir
pleno sufrágio universal.
A
China frustrou, no mês passado, as esperanças de que um democracia plena na
antiga colónia britânica ao ter anunciado que o futuro chefe do Executivo de
Hong Kong será eleito por sufrágio universal a partir de 2017, mas apenas
depois da seleção de dois ou três candidatos para se apresentarem ao
escrutínio.
Uma
coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy
Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e
prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito
financeiro de Hong Kong.
Abrindo
caminho para o que os ativistas apelidam de "nova era de desobediência
civil", milhares de estudantes de mais de 25 universidades e institutos
vão participar a partir de segunda-feira, e ao longo de uma semana, num boicote
às aulas para demonstrar a sua insatisfação.
O
boicote poderá dar um novo fôlego à campanha pela democracia, que recentemente
perdeu força depois de um dos seus líderes ter admitido ser altamente
improvável uma mudança de atitude por parte de Pequim independentemente do que
façam.
"Este
é um momento de viragem", disse Alex Chow, presidente da Federação de
Estudantes de Hong Kong, à agência AFP. "O Governo tem de responder àquilo
a que muitos residentes de Hong Kong consideram como sendo um sistema de
eleição injusto".
A
agitação estudantil surge uma semana depois de mais de 1.500 ativistas terem
marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e
cartazes por um sufrágio universal genuíno.
Tratou-se
do primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional Popular
decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio
de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas
dois ou três serão selecionados.
Ou
seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois
daquilo que os democratas designam de 'triagem'.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas,
que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
Segundo
Alex Chow, o sucesso do boicote às aulas será determinado pela escala da
adesão. Mais de 3.000 estudantes das duas principais universidades de Hong Kong
deverão aderir à iniciativa, segundo a organização.
"A
legitimidade do governo é muito, muito baixa nesta fase e, neste contexto,
gostaríamos de redefinir a direção de Hong Kong", disse Yvonne Leung,
presidente da União de Estudantes da Universidade de Hong Kong, instando Pequim
a reverter a sua decisão.
A
reforma proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong
(LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos quais 27
do campo pró-democrata anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.
DM - Lusa
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