domingo, 21 de setembro de 2014

Milhares de estudantes de Hong Kong iniciam boicote às aulas na luta pela democracia




Hong Kong, China, 21 set (Lusa) -- Milhares de estudantes de Hong Kong iniciam na segunda-feira uma semana de boicote às aulas, ação descrita como o arranque de uma ampla campanha de desobediência civil contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal.

A China frustrou, no mês passado, as esperanças de que um democracia plena na antiga colónia britânica ao ter anunciado que o futuro chefe do Executivo de Hong Kong será eleito por sufrágio universal a partir de 2017, mas apenas depois da seleção de dois ou três candidatos para se apresentarem ao escrutínio.

Uma coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito financeiro de Hong Kong.

Abrindo caminho para o que os ativistas apelidam de "nova era de desobediência civil", milhares de estudantes de mais de 25 universidades e institutos vão participar a partir de segunda-feira, e ao longo de uma semana, num boicote às aulas para demonstrar a sua insatisfação.

O boicote poderá dar um novo fôlego à campanha pela democracia, que recentemente perdeu força depois de um dos seus líderes ter admitido ser altamente improvável uma mudança de atitude por parte de Pequim independentemente do que façam.

"Este é um momento de viragem", disse Alex Chow, presidente da Federação de Estudantes de Hong Kong, à agência AFP. "O Governo tem de responder àquilo a que muitos residentes de Hong Kong consideram como sendo um sistema de eleição injusto".

A agitação estudantil surge uma semana depois de mais de 1.500 ativistas terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e cartazes por um sufrágio universal genuíno.

Tratou-se do primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional Popular decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

Segundo Alex Chow, o sucesso do boicote às aulas será determinado pela escala da adesão. Mais de 3.000 estudantes das duas principais universidades de Hong Kong deverão aderir à iniciativa, segundo a organização.

"A legitimidade do governo é muito, muito baixa nesta fase e, neste contexto, gostaríamos de redefinir a direção de Hong Kong", disse Yvonne Leung, presidente da União de Estudantes da Universidade de Hong Kong, instando Pequim a reverter a sua decisão.

A reforma proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos quais 27 do campo pró-democrata anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

DM - Lusa

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