Mário
Motta, Lisboa
A
miséria em Portugal encontra-se em qualquer canto do país, talvez seja mais notório em
Lisboa e noutras grandes cidades. “Temos de empobrecer”, disse Pedro Passos
Coelho logo a seguir a ser empossado como primeiro-ministro. Poucos dias depois
de em campanha eleitoral ter afirmado o contrário, inclusive que não
aumentava impostos, como o IVA. Desde que se
apossou do cargo de PM que tem vindo a semear a pobreza, a miséria. Cúmplices:
Cavaco Silva e Paulo Portas, assim como os deputados PSD/CDS que asseguram a
maioria parlamentar de atropelos – se possível inconstitucionais.
“Vivemos
acima das nossas possibilidades”, também o disse Passos Coelho. Atirando culpas
para os portugueses que já então se deparavam com dificuldades. Denodadamente
tudo fez para culpabilizar os portugueses comuns acerca do descalabro a que as
finanças e a economia de Portugal chegaram, deixando de parte os que viveram e
vivem à bruta, à grande e sem restrições – caso dele – por regra geral serem os
tais das elites – popularmente conhecidos por corruptos, políticos,
grandes empresários, banqueiros, ladrões, chulos, parasitas, salafrários e etc.
Sim.
Eles, e os das negociatas com os políticos, levaram Portugal a gastar acima das
suas possibilidades. Encheram-se e enchem-se com os dinheiros públicos. Roubam,
literalmente, o que a todos pertence. Impunes. E assim continuam e vão
continuar caso os portugueses não se decidam a pôr cobro a tais desmandos
destas nefastas elites.
Na
verdade tudo se conjugou para que a crise estalasse quando Cavaco Silva ocupa a
Presidência da República e os partidos da direita portuguesa e europeia
assumissem os poderes. Na União Europeia existe uma direita fascizante a
governar, Cavaco assumiu o seu saudosismo salazarista e abençoou conivente o
seu delfim de ocasião, Passos Coelho, do PSD, eleito com base em mentiras que
imediatamente o denunciaram como um farsante de dimensões descomunais ao
serviço do grande capital.
Nestas
circunstâncias não admira que a pobreza aumentasse exponencialmente em Portugal. A fome
mostrou-se. Os sem-abrigo têm vindo a aumentar, as famílias sem casa caíram nas
ruas ou em casa de familiares e amigos.
Homens
e mulheres de família conheceram a falência à velocidade da luz. Sem empresa,
sem trabalho. A seguir sem casa (que era dos bancos)… Quase tudo era (e é) dos
bancos. Daqueles que fizeram desaparecer milhões nos offshores ou onde melhor
aprouveram e que também vêm declarando “insuficiências económicas” a que os
contribuintes atendem e custeiam por decisão do governo e de seu cúmplice
Cavaco.
Um
sem-abrigo, antes empresário (2010), viu a sua vida descarregada nessa crise,
nessa miséria. Era um pequeno-médio empresário. Era.
Ele
dizia chamar-se Cavaco mas não Aníbal, nem Silva, porque esse, alapado em
Belém, governa-se muito bem à custa dos contribuintes e de favores de
banqueiros e outros amigalhaços. Favores com favores se pagam. Até assim é na
máfia, segundo os filmes e livros que lemos.
Este
Cavaco morava num banco de jardim de Lisboa, habitualmente. Adoeceu, foi levado
para o hospital já nas últimas de vida... e morreu. Um outro sem-abrigo seu vizinho anunciou a desgraça, pesaroso. Matutando que muito provavelmente será
o que lhe vai acontecer nesta vida, cidade e país que tão mal trata os seus
cidadãos, condenando-os a vulnerabilidades associadas à pobreza e à miséria.
O
Cavaco era uma pessoa culta mas de poucas palavras. "Alguém que vivia
bem", como ele dizia. Mas a crise causada e abençoada pelos do grande
capital derrubou aquele Cavaco até o despojar de tudo, menos da miséria para
que o atirou.
Entretanto,
os políticos, o governo e o outro Cavaco em Belém satisfazem as suas ganâncias
com as migalhas que o grande capital lhes proporciona.
Ao
Bom Cavaco: o repouso eterno. Aos outros: o inferno.
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