Por
decreto presidencial, o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, exonerou
segunda-feira (15.09) o general António Indjai, mas ainda não nomeou o novo
Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas do país.
O
Presidente José Mário Vaz justificou a destituição de António Indjai do cargo
de Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas como um dos passos
importantes para levar avante o processo de reforma e modernização das Forças
Armadas guineenses em curso no país.
José
Mário Vaz esteve esta terça-feira (16.09) reunido com o corpo diplomático
acreditado em Bissau para o informar da sua decisão de exonerar das funções o
general, nomeado em 2010 pelo então Presidente da República, Malam Bacai Sanhá.
À
saída da reunião, Miguel Trovoada, representante da ONU no país, disse que foi
uma decisão soberana que terá todo apoio das Nações Unidas para a sua eficácia.
"Tomamos
boa nota desta decisão soberana e as Nações Unidas e a comunidade internacional
estão empenhadas em apoiar as decisões das autoridades legítimas deste país
porque é necessário que de facto este apoio seja de maneira mais eficaz
possível", declarou.
O fim de um ciclo
O fim de um ciclo
José
Mário Vaz ainda não nomeou o novo Chefe de Estado-Maior General das Forças
Armadas guineenses. Entretanto, António Indjai já abandonou as instalações do
Estado-Maior para a sua residência privada em Bissau. Segundo
uma fonte próxima de Indjai, o general alega que foi apanhado de surpresa pela
medida e que não foi consultado.
Entretanto,
o representante da União Africana (UA) na Guiné-Bissau Ovídio Pequeno,
considerou a exoneração de António Indjai como o fecho de um ciclo, o fim de
uma fase iniciada com o golpe militar de 2012, que disse ter sido um
"período conturbado" no país.
Ovídio
Pequeno afirmou, por outro lado, que espera o início para a Guiné-Bissau de
"um novo capítulo de mudança" que possa permitir ao país ganhar a
estabilidade política e social.
"Exoneração
de Indjai é um ato normal"
A
exoneração de Indjai, que foi anunciada através de um decreto presidencial sem
adiantar as razões, foi um ato que o representante da UA considera normal, por
ser "um ato de soberania nacional" que cabe ao Presidente guineense.
"Esperamos
que não haja nenhum aproveitamento desta matéria no sentido de se criarem
alguns pontos de instabilidade ou situações um pouco mais difíceis. Nós achamos
que é um processo normal, tudo na vida tem um espaço e um tempo", observou
o diplomata.
Para
o representante da UA é fundamental que o processo de reforma do setor militar
guineense avance, porque “sabemos e temos a consciência de que o processo de
reforma a nível das forças de defesa e segurança é uma questão extremamente
importante. Deve ser a prioridade das prioridades", destacou Ovídio
Pequeno.
UE
aplaude decisão "soberana do Presidente"
Por
seu lado, a União Europeia (UE) aplaudiu a decisão do Presidente guineense,
tendo declarado desde já o seu apoio à modernização das Forças Armadas, disse o
chefe da delegação dos 27 em Bissau, Joaquim Gonçales Ducay.
"A
UE manifestou muito claramente ao senhor Presidente a nossa vontade de apoiar o
processo de reforma e modernização das Forças Armadas e das forças de segurança
da Guiné-Bissau para que se possa tirar o maior partido possível do capital
humano que existe no seio dessas forças".
Gonçalves
Ducay sublinhou ainda que a UE está à espera de conhecer as decisões do governo
sobre que política de reforma e modernização. "Iremos discutir com o
executivo e os outros parceiros internacionais para sabermos como iremos apoiar
o processo", concluiu.
Da
reunião na tarde desta terça-feira do Conselho Superior da Defesa Nacional saiu
a proposta de um encontro de urgência marcada para a noite do mesmo dia com o
Conselho de Ministros, onde serão analisadas as propostas de nomes para ocupar
as funções do novo Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.
Braima
Darame – Lusa – Deutsche Welle, ontem
Na
foto: António Indjai
Sem comentários:
Enviar um comentário