Pequim,
16 out (Lusa) -- Mais de 60 pessoas foram detidas na China até hoje por
apoiarem os protestos pró-democracia em Hong Kong , em curso há três semanas, confirmou a
Chinese Human Rights Defenders (CHRD) à agência noticiosa Efe.
A
maioria das detenções ocorreu em Pequim, mas também foram reportados casos nas
províncias de Cantão (sul), Gansu (noroeste) ou Hunan (centro), de acordo com a
lista atualizada da CHRD, que constata uma nova campanha de repressão na China.
Em
concreto, a organização não-governamental chinesa confirma 23 detenções, por
crimes, que duram há até 37 dias e podem terminar em julgamento, três de cariz
administrativo, de um máximo de dez dias, e 35 de "outro tipo".
Estes
últimos casos incluem qualquer forma de privação de liberdade, como manter a
pessoa num centro de detenção sem notificar a sua família, ou "provocar o
seu desaparecimento", explicou a coordenadora da CHRD, Wendy Lin, à
agência noticiosa espanhola.
Além
disso, a organização também confirmou um caso de tortura, citando o advogado da
vítima. Em causa, Xie Wenfei, detido no passado dia 03 num jardim em Cantão
quando transportava cartazes de apoio aos protestos em Hong Kong.
"Têm
medo, não querem que o espírito de Hong Kong se alastre. Não querem que se
volte a repetir Tiananmen", observou à Efe Hu Jia, conhecido ativista na
China que se encontra em prisão domiciliária.
Para
Hu Jia, a repressão que se vive por estes dias é mais grave do que a ocorrida
durante a época da "Revolução Jasmim", em 2011, uma tentativa de
imitação da "Primavera Árabe", cortada pela raiz por Pequim.
Para
a CHRD e outras organizações de defesa dos direitos humanos como a Human Rights
Watch, a repressão vai continuar "enquanto as pessoas de Hong Kong
continuarem com os protestos" e pode até intensificar-se por estes dias,
uma vez que se aproxima a reunião anual do Partido Comunista chinês, que
arranca na próxima semana.
"Estão
ansiosos por pôr-lhe um fim", disse a mesma responsável da CHRD. Maya
Wang, da Human Rights Watch, considera, porém, que acabar com manifestações em Hong Kong "será um
longo processo".
"Não
vai ser fácil acabar com os protestos, e mesmo que o consigam, o principal
problema -- as fortes aspirações pela democracia -- não vão desaparecer
rapidamente", concluiu Maya Wang.
DM
// DM - Lusa
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