Hong
Kong, China, 16 out (Lusa) -- O Centro de Justiça de Hong Kong, uma organização
sem fins lucrativos, lançou uma campanha para pedir ao Governo que dê uma
alimentação "digna" aos refugiados.
Segundo
uma petição publicada no portal da organização de defesa dos direitos humanos
que se foca em especial nos imigrantes forçados, refugiados ou sobreviventes da
'escravatura moderna', o Executivo da antiga colónia britânica faculta-lhes
sacos pré-embalados de alimentos, que têm de levantar a cada cinco ou dez dias
numa loja, muitas vezes longe do local onde vivem.
"Diz-se
que a comida avaliada em 40 dólares de Hong Kong [cerca de 4 euros] por dia,
supostamente deve cobrir três refeições diárias e durar até ao próximo
levantamento. Mas, quando comparamos o preço da comida que eles recebem com o
da venda nos supermercados, vemos que a que lhes é dada vale muito menos.
Frequentemente, acaba muito antes da próxima data de levantamento, às vezes a
validade expira; é sempre limitada em termos de variedade e de
quantidade", lê-se no documento.
Neste
sentido, a organização, o antigo Centro de Aconselhamento para Refugiados que,
ao longo de sete anos, ajudou mais de 2.000 pessoas, apela ao apoio à petição.
Isto para que "o Governo de Hong Kong permita aos refugiados
alimentarem-se com dignidade dando-lhes pequenas quantidades de dinheiro para
que possam comprar sua própria comida".
Ao
abrigo do atual programa alimentar, o Executivo da antiga colónia britânica
contrata uma organização para providenciar a comida, a qual, por sua vez,
adjudica a uma terceira parte o abastecimento em meia dúzia de lojas na cidade,
as quais fornecem sacos com alimentos aos refugiados. Este sistema, defende a
organização, "é complicado, dispendioso e ineficaz".
"Ao
dar aos refugiados pequenas quantidades de dinheiro para que possam adquirir a
sua própria comida, quando e onde precisem, far-se-ia melhor uso dos recursos gastos
no atual programa e devolver-se-ia aos refugiados a sua dignidade", refere
o Centro de Justiça.
"Infelizmente,
também há muitos residentes de Hong Kong que não têm o suficiente para comer.
Esta campanha não visa desviar a atenção dessa realidade", frisa a
organização, cuja petição intitulada "Fome de Mudança".
"É
a capacidade de escolher que nos torna humanos", escreve hoje Victoria
Otero Wisniewski, do Centro de Justiça de Hong Kong, num artigo de opinião no
jornal South China Morning Post, em que relata a forma como um universo de
cerca de 8.000 refugiados se tem de alimentar na antiga colónia britânica.
Hoje
celebra-se o Dia Mundial da Alimentação, instituído pela ONU em 1979, para
elevar a consciencialização para os problemas alimentares do planeta e promover
a solidariedade na luta contra a fome.
DM
// PJA - Lusa
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