Pelo
menos 45 detidos em noite intensa de confrontos
Hong
Kong, China, 15 out (Lusa) -- Os violentos confrontos que tiveram, esta noite,
Hong Kong como palco, com a polícia a recorrer a gás pimenta para dispersar
centenas de manifestantes, resultaram em 45 detidos, informaram as autoridades.
A
polícia voltou a recorrer ao gás pimenta para dispersar centenas de
manifestantes que pouco antes da meia-noite se entrincheiraram numa das ruas
próximas do complexo que alberga a sede do Governo e o Conselho Legislativo
(LegCo, parlamento) de Hong Kong.
Ao
início da madrugada, ativistas do movimento 'Occupy Central' forçaram a
retirada de várias dezenas de agentes, os quais se viram encurralados por
centenas de manifestantes que conseguiram cortar o tráfego e montar barricadas
na via.
Cerca
das 03:00 (20:00 de terça-feira em Lisboa), aproximadamente 150 agentes da
polícia antimotim regressaram ao local para desimpedir as ruas, onde centenas
de manifestantes pernoitavam.
Polícias
e estudantes envolveram-se em confrontos, com os agentes, munidos de bastões, a
recorrerem novamente ao uso de gás pimenta para dispersar os manifestantes que
recusavam retirar-se, num dos mais violentos incidentes registados desde o início
dos protestos pró-democracia na antiga colónia britânica e que resultou em 45
detidos, dos quais 37 homens e oito mulheres.
A
polícia recuperou o controlo da Lung Wo Road, a poucos metros do gabinete do
chefe do Executivo, Leung Chin-Ying, acabando com a breve ocupação, apesar das
barricadas erguidas no dia anterior.
Hoje
a polícia de Hong Kong conseguiu fazer regressar à normalidade algumas das ruas
tomadas pelos manifestantes ao eliminar dezenas de barricadas em três zonas
onde os ativistas têm acampamentos há 18 dias.
A
atuação policial obedece a uma operação para 'limpar' as ruas de barricadas e
restabelecer o tráfego rodoviário, iniciada na madrugada de segunda-feira e na
qual participam 1.700 agentes.
DM
// DM.
Vídeo
mostra polícia a agredir protestante algemado
Hong
Kong, China, 15 out (Lusa) - A estação televisiva de Hong Kong TVB revelou hoje
imagens que mostram um grupo de agentes da polícia a agredir um manifestante
algemado durante vários minutos durante uma operação esta madrugada.
Alan
Leong Kah-kit, líder do Partido Cívico, disse ao South China Morning Post que o
homem agredido é Ken Tsang Kin-chiu, membro do mesmo partido.
Segundo
Leong, Tsang Kin-chiu encontra-se detido em Wong Chuk Hang e já
foi visitado por quatro advogados.
Leong
Kah-kit relatou ainda que os advogados lhe transmitiram que Tsang se encontra
emocionalmente alterado, além de estar a sofrer com os ferimentos e que os
causídicos planeiam levá-lo ao hospital para que as lesões sejam inspecionadas.
"Pelo
que podemos ver, Tsang já estava algemado e foi levado para um canto escuro e
espancado. O uso de força pela polícia constitui um flagrante abuso de poder e
tudo indica que os agentes devem, pelo menos, ser investigados por agressão com
o fim de gerar lesões corporais", declarou Alan Leong, sugerindo ainda a
intervenção do Ministério Público.
O
secretário-geral da Federação de Estudantes, Alex Chow, também se manifestou
sobre o caso, afirmando que não há lugar para este nível de uso de força, que
considera um abuso de autoridade.
"Podemos
ver [Tsang] ser arrastado para um canto, o que significa que estava sob
detenção da polícia. [A situação] é contraditória às expectativas das pessoas,
que acreditam estar sob a proteção da polícia", afirmou.
As
"ações extra judiciais" foram também condenadas por 22 deputados
pró-democratas que agendaram para hoje uma conferência de imprensa sobre o
caso.
A
polícia já anunciou que vai abrir uma "investigação imparcial",
manifestando "preocupação com o vídeo que mostra agentes à paisana suspeitos
de usarem excesso de força esta manhã".
Eric
Cheung Tat, membro da comissão independente de fiscalização das forças de
seguranç, disse à Commercial Radio que não podia comentar casos individuais sem
uma investigação, mas sublinhou que considera inaceitável que a polícia
"agrida pessoas num canto escuro", seja qual for a situação, e
prometeu que a comissão vai investigar o caso.
O
responsável afirmou ainda que, de acordo com as imagens, há indícios de que os
agentes da polícia cometeram um ato de agressão.
Eric
Cheung Tat instou a polícia a explicar-se perante o público, alertando que,
caso não o façam, vão aparentar estar a proteger um ato ilegal.
ISG//
Pequim
diz que democracia não é desculpa para "comportamentos ilegais"
Pequim,
15 out (Lusa) -- A democracia deve basear-se no Estado de Direito e não pode
ser desculpa para "comportamentos ilegais", lê-se hoje num comentário
publicado no Diário do Povo, jornal do órgão central do Partido Comunista
chinês, em referência aos protestos em Hong Kong.
O
comentário assinala o firme apoio de Pequim ao Governo de Hong Kong e ao seu
chefe do Executivo, CY Leung, reiterando que os protestos "estão
condenados ao fracasso".
"A
estabilidade é boa, o caos é um desastre", adverte-se no meso artigo, em
que se insiste que "os diferentes pedidos sobre o desenvolvimento
democrático de Hong Kong podem ser manifestados através de formas legais".
O
Diário do Povo atribui os protestos "a um grupo reduzido" entre a população
de Hong Kong, superior a sete milhões de habitantes.
"A
democracia deve basear-se na lei, não na ditadura de uma minoria, e muito menos
numa desculpa para um grupo diminuto", frisa.
O
artigo acrescenta que os protestos, que cumprem hoje o 18.º dia, são
"ilegais" e incluíram a invenção de "acusações e rumores"
contra CY Leung e o seu Governo.
"A
história recorda que os atos radicais e ilegais que vieram com eles apenas
resultaram em mais atividades ilegais, exacerbando a desordem e o caos",
refere o artigo no Diário do Povo, citado pela agência Efe.
DM
// DM.
Popularidade
de secretário para a Segurança cai a pique
Hong
Kong, China, 15 out (Lusa) - A popularidade do secretário para a Segurança de
Hong Kong caiu a pique depois de a polícia ter usado gás lacrimogéneo contra os
manifestantes, revela uma sondagem da Universidade de Hong Kong.
A
sondagem, citada pelo jornal South China Morning Post, indica que o saldo entre
os votos de confiança a Lai Tung-kwok e os de desconfiança resultou "numa
queda para zero" da popularidade do dirigente.
O
inquérito de opinião, que se realiza todos os meses e avalia a popularidade de
diferentes membros do Governo, decorreu entre 06 e 09 de outubro, depois de a
polícia ter lançado gás lacrimogéneo 87 vezes sobre os manifestantes em
Hong-Kong, além de gás pimenta, a 28 de setembro.
Robert
Chung, diretor do programa de opinião pública da universidade, disse ao jornal
que tudo indica que a queda seja motivada por estes incidentes. No mês passado,
Lai Tung-kwok tinha uma taxa líquida positiva de 27%.
Há
duas semanas que as ruas de Hong Kong têm sido ocupadas por protestos
pró-democracia. Os manifestantes estão contra a proposta do Governo Central de
permitir o sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo mas apenas
depois de os candidatos serem pré-selecionados por Pequim.
ISG
// JPS
Amnistia
Internacional condena agressão a Ken Tsang
Hong
Kong, China, 15 out (Lusa) - A Amnistia Internacional (AI) juntou-se ao coro de
condenações da alegada agressão a Ken Tsang, membro do Partido Cívico, pela
polícia de Hong Kong.
"Os
agentes da polícia de Hong Kong envolvidos na agressão de um manifestante
pró-democracia, já detido, têm de enfrentar a Justiça", afirmou a
organização em comunicado citado pelo jornal South China Morning Post.
Mabel
Au, diretora da AI de Hong Kong, disse que tudo aponta para um " feroz
ataque contra um homem detido que não representava ameaça para a polícia",
apelando a uma investigação imediata. "Todos os indivíduos envolvidos em
atos ilegais devem ser acusados", defendeu.
"Dá-me
a volta ao estômago pensar que há agentes da polícia em Hong Kong que sentem que
estão acima da lei", sublinhou a responsável, exigindo ainda a libertação
dos 45 manifestantes detidos esta madrugada.
O
diretor da Human Rights Monitor, Law Yuk-kai, também veio a público condenar a
alegada agressão a Tsang, afirmando que os envolvidos podem vir a enfrentar
prisão perpétua por terem infligido dor severa noutra pessoa enquanto exerciam
as suas funções.
"Os
agentes da polícia devem proteger o público e nunca devem deixar que as suas
emoções os levem a fazer algo ilegal", disse ao South China Morning Post.
Law
Yuk-kai denunciou também ataques da polícia a membros da Human Rights Monitor
que usavam coletes da organização.
"Isto
é totalmente inaceitável e é uma violação dos 'Princípios de Joanesburgo', que
dão [aos observadores de direitos humanos] o direito de monitorizar os
acontecimentos", afirmou.
A
estação televisiva de Hong Kong TVB revelou hoje imagens que mostram um grupo
de agentes da polícia a agredir um manifestante algemado, identificado como
sendo Ken Tsang, durante vários minutos.
ISG//JPS
Suspensos
seis agentes da polícia após agressão a manifestante
Hong
Kong, China, 15 out (Lusa) - Os agentes da polícia de Hong Kong suspeitos de
agredir o manifestante pró-democracia e membro do Partido Cívico Ken Tsang
foram suspensos das suas funções, depois da divulgação de um vídeo onde se pode
ver a alegada agressão.
As
imagens da estação de televisão TVB mostram seis polícias à paisana a agredir
um homem que acaba por cair no chão após uma série de pontapés.
"A
polícia está preocupada com este incidente e vai abrir uma investigação
independente", disse o secretário para a Segurança, Lai Tung-kwok.
"Os agentes implicados neste incidente foram suspensos das suas
funções", acrescentou.
O
líder estudantil Joshua Wong declarou que os manifestantes perderam toda a
confiança na polícia. "O que a polícia deveria fazer era escoltar o
manifestante até ao carro, e não levá-lo para longe e atingi-lo com pontapés
durante quatro minutos", afirmou.
A
polícia de Hong Kong deteve esta madrugada 45 pessoas após intensos confrontos
entre os manifestantes e as autoridades, que voltaram a recorrer ao gás
pimenta.
ISG//
PJA
Na
foto: Ken Tsang Kin-chiu, agredido pela polícia. No hospital, após ter recebido cuidados médicos / Sam Tsang
*Título
PG
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