sábado, 8 de novembro de 2014

Portugal – BES: MINISTÉRIO PÚBLICO ABRIU QUATRO INVESTIGAÇÕES



Carlos Diogo Santos – jornal i

As comissões dos submarinos pagas aos cinco clãs e o investimento de 900 milhões de euros da PT em dívida da Rioforte são dois desses inquéritos

O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) já abriu quatro investigações ao caso BES/Grupo Espírito Santo (GES), existindo ainda o caso Monte Branco, em que Ricardo Salgado, ex-presidente executivo do BES, já foi constituído arguido por suspeitas de burla, abuso de confiança, falsificação e branqueamento de capitais.

A atenção do departamento liderado por Amadeu Guerra e as investigações formais já iniciadas estão centradas em várias operações do Grupo Espírito Santo (GES) tornadas públicas pelo i desde o último ano: as comissões pagas à família Espírito Santo no negócio dos submarinos, o investimento de 900 milhões de euros da Portugal Telecom na holding Rioforte e o uso da sociedade suíça Eurofin para alegadamente desviar dinheiro do BES para o GES. Além destes inquéritos, o i apurou ainda que a equipa constituída por procuradores do DCIAP, inspectores da PJ e da Autoridade Tributária está ainda a investigar formalmente a alegada manipulação de contas em holdings do Grupo Espírito Santo.

Em Julho, a Procuradoria-Geral da República confirmou pela primeira vez a existência de várias investigações ao Grupo Espírito Santo, mas nunca até hoje quis revelar o número de inquéritos em curso. Além destas averiguações, estão ainda a ser investigadas irregularidades durante os processos de privatização de empresas - assessorados pelo BES - por parte de responsáveis do banco. Mas, ao que o iapurou, estão integradas no chamado caso Monte Branco.

AS INVESTIGAÇÕES EM CURSO 

Quando a 26 de Junho o i revelou o investimento de 900 milhões de euros da Portugal Telecom na holding Rioforte já o Ministério Público (MP) estaria atento a esta operação de financiamento, tendo já em curso uma investigação formal. "Existem inquéritos em curso relacionados com esta matéria", esclareceu fonte oficial da PGR nessa altura.

Mas não só a PT e a Rioforte estavam no horizonte do departamento do MP que investiga a criminalidade económica mais complexa. O i sabe que a alegada operação de descapitalização do BES no valor de 800 milhões de euros - através de uma sociedade veículo criada pela Eurofin - para os colocar no GES é outra das investigações lideradas pela equipa mista do DCIAP.

Além disso, os investigadores têm ainda na sua mira os cinco milhões pagos como comissão à família Espírito Santo no negócio dos submarinos. Uma operação cujos contornos o i revelou em exclusivo no último mês e que o MP descobriu após o levantamento do sigilo bancário na Suíça a contas particulares de cinco membros da família Espírito Santo. O MP está a tentar perceber se essas comissões recebidas através da Escom UK, empresa detida pelo GES, são legítimas e legais.

Outra das situações que levou o DCIAP a abrir inquérito foi alegada manipulação de contas da holding Espírito Santo Internacional (ESI). Em Junho, a PGR já havia também confirmado ao i estar atenta a este caso, depois de o ex-contabilista Machado da Cruz ter revelado que Ricardo Salgado tinha conhecimento desde 2008 de que parte do passivo da ESI não estava reflectido nas contas. Ainda assim nunca fora até hoje confirmado que tinha sido aberto qualquer inquérito.

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