Jornal de Angola, editorial - 17 de Dezembro, 2014
Caminhamos
para o final do ano, e é tempo das instituições dos diferentes sectores de
actividade produtiva fazerem balanços das suas actividades ao longo dos
12 meses. Quem produz, quem cria, lança e executa projectos põe o país a andar
para a frente, corre sempre o risco de errar.
Só
não erra quem nada faz ou fica de fora, quase sempre fazendo críticas fundadas
no atrevimento de quem nunca fez nada de útil.
Por isso, fazer balanços é um exercício necessário e indispensável, até porque eles nos obrigam à reflexão sobre os aspectos positivos e negativos da nossa actividade. O que está bem pode ser melhorado, o que está errado é corrigido. Os erros muitas vezes ajudam a crescer.
Os balanços devem conter uma avaliação real do nosso desempenho, não devendo haver hesitações quanto à indicação dos erros cometidos ou de eventuais incumprimentos. Somos um país em reconstrução com muitos problemas por resolver, pelo que temos de ter uma atitude exemplar perante o trabalho. Uma Nação como a nossa, que viveu uma guerra durante mais de duas décadas e que tem de reconstruir tudo, até as mentalidades, precisa de todos os seus filhos para construir uma sociedade em que cada um possa viver com dignidade.
Os problemas , por mais complexos que sejam, podem ser superados se todos estivermos comprometidos com o cumprimento dos nossos deveres laborais. É difícil a caminhada que nos vai conduzir ao desenvolvimento. Mas não temos outra alternativa. Só o trabalho nos proporciona uma vida digna. Temos de ter consciência de que nada do que temos e conquistámos foi obra do acaso. Mas também tudo o que queremos depende de nós a sua obtenção.
Os anos vão passando e vamos sentindo que muita coisa já se fez para retirar o país da situação em que se encontrava até 2002, quando alcançámos a paz que perdura até ao momento e que nos tem permitido fazer de Angola um lugar bom para se viver.
Os angolanos têm a oportunidade de, em tempo de paz, mostrar que em condições de estabilidade são capazes de realizar obras grandiosas, em todo o território nacional. Por todo o lado há a grande preocupação de fazer mudanças efectivas, nos diferentes sectores da vida nacional. Por tudo quanto falta ainda fazer em prol do progresso é proibido parar. Ou estagnar. É proibido parar, quando temos campos férteis e extensos para lavrar. É proibido parar , quando temos de edificar fábricas para dar emprego a milhares de jovens. É proibido parar, quando precisamos de boas escolas eficientes, com professores de elevada qualidade. É proibido parar quando temos de pôr todas as crianças a estudar. É proibido parar quando temos de criar empresas para fazer crescer a economia. É proibido parar, quando temos de educar as comunidades dentro de valores de justiça, da solidariedade, do amor ao próximo, do respeito pela vida humana.
As tarefas são múltiplas e complexas, mas Angola está em constante movimento, traduzido no esforço que se empreende nas cidades e no mundo rural. O sentido é único: garantir qualidade de vida a todos os angolanos. O ano de 2015 pode significar o arranque da produção de bens e serviços, no quadro da diversificação da economia, um processo incontornável, tendo em conta a necessidade de acabarmos com a dependência do petróleo. É tempo de apostar noutros recursos que a natureza generosamente nos deu, para podermos enfrentar os problemas económicos. A diversificação permite-nos ter várias opções, evitando os apertos quando os recursos financeiros , que são sempre escassos, se tornam ainda mais reduzidos. É importante encararmos a diversificação da economia como uma via que nos pode ajudar nas conjunturas económicas menos favoráveis a fazer face aos problemas.
Dos balanços que forem feitos no final deste ano vai ser possível definir perspectivas que apontem para a diversificação da economia. A experiência dos empresários angolanos é chamada a desempenhar um papel importante na revitalização de sectores produtivos ainda adormecidos, mas que podem ser de grande valia se existirem infraestruturas de apoio e recursos humanos.
É certo que muitos resultados da diversificação económica só vão surgir a médio
ou longo prazo. Mas se lançarmos já as bases, o processo caminha
seguramente para os objectivos que pretendemos atingir. Também temos que
aprender com as experiências de outros países que passaram por situações
idênticas às nossas, até para não insistirmos nos erros por eles já cometidos.
O ano vai terminar dentro de alguns dias e precisamos de novas forças
para novos desafios. O país precisa da dedicação de todos. É
preciso que a cada ano que passa, façamos sempre mais e melhor.
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