sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Angola: LUANDENSES PODEM PASSAR O NATAL SEM ÁGUA




Trabalhadores da única empresa de distribuição de água de Luanda entram em greve e exigem melhores condições de trabalho.

Domingos Bento – Rede Angola

A partir da próxima segunda-feira, 22, os trabalhadores da EPAL, empresa responsável pelo fornecimento de água de Luanda, vão paralisar as suas actividades. A informação foi tornada pública ontem pelo sindicato dos trabalhadores que se diz agastado com algumas irregularidades que se vive dentro daquela instituição pública. De acordo com o sindicato, o baixo salário e as péssimas condições de trabalho estão na base da greve que vai juntar a maior parte dos funcionários da empresa. Assim, estarão paralisadas as estações de distribuição de água do Casseque, Luanda Sudeste e do Kikuxi por um período indeterminado.

O sindicato fez saber que, em Janeiro do ano em curso, entregou à empresa um caderno reivindicativo onde constam todas as preocupações que inquietam os funcionários. Mas até ao momento a entidade empregadora não manifestou nenhum interesse em solucionar os problemas.

De acordo ainda com o organismo que defende os empregados, as condições de trabalho são bastante precárias, a começar pelos meios de transporte, que na sua maioria estão avariados. Por outro lado, a política de assistência médica aos funcionários são ineficientes, o que obriga o pessoal a recorrer aos hospitais públicos quando estão doentes. Outra das grandes preocupações prende-se com os sucessivos atrasos e o baixo salário, falta de meios de segurança de trabalho e o não pagamento da reforma a trabalhadores com mais de trinta anos de actividade.

Em entrevista ao Rede Angola, o porta-voz da EPAL, Domingos Paciência, fez saber que, apesar da comunicação da greve, a empresa tem a responsabilidade de assegurar o fornecimento de água na cidade capital, pelo que não há motivos para grandes preocupações. Segundo o responsável, a greve não vai afectar os serviços básicos. E à semelhança das outras paralisações, está salvaguardada a distribuição normal de água a todos os clientes.

“As pessoas podem ficar descansadas porque é uma informação que o sindicato passou e o que nós podemos dizer é que a água está garantida. Relativamente as condições que eles exigem, a direcção da empresa nunca deu as costas às conversações”, afirmou.

Esta é a segunda greve que acontece naquela empresa há menos de um ano. Em 2013, depois de verem esgotadas todas as negociações, os trabalhadores também haviam paralisado os trabalhos. Foram mais de dez dias de interrupção que criou grandes dificuldades à vida dos luandeses que se viram privados do fornecimento de água. Na altura, Leonídio Ceita, presidente do Conselho de Administração da EPAL, havia dito que a greve era resultado de “má-fé”, porque a empresa havia atendido as reivindicações dos trabalhadores e que, durante as conversações, os responsáveis sindicalistas não mostraram vontade de ouvir o Conselho de Administração sobre o cumprimento das exigências constantes no caderno reivindicativo.

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