O
Presidente de Cabo Verde escusou-se hoje a comentar eventuais omissões na
previsão do vulcão que assola desde 23 de novembro a ilha cabo-verdiana do
Fogo, defendendo que a prioridade do curto prazo é responder às necessidades
dos desalojados.
Falando
aos jornalistas ao fim da tarde, momentos após ter chegado num pequeno avião a
São Filipe, Jorge Carlos Fonseca frisou que a hora é de ajudar as populações
afetadas e encontrar soluções para o médio e longo prazos.
Hoje,
em declarações à agência Lusa, o diretor do Instituto Tecnológico e das
Energias Renováveis das Canárias (ITER) criticou a "inércia" das
autoridades cabo-verdianas na prevenção da erupção vulcânica, garantindo que a
informação recolhida desde março em Chã das Caldeiras apontava para uma
situação "preocupante" e favorecedora do ressurgimento do vulcão do
Fogo.
Nemesio
Pérez Rodriguez, que se encontra na "Ilha do Vulcão" em missão do
instituto, indicou que toda a informação recolhida desde março foi enviada a
tempo ao Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) local, que nunca
respondeu.
"Como
Presidente da República e como leigo não posso pronunciar-me face a uma notícia
ou a comentários que foram suscitados por essa declaração. Também a li, mas,
como Presidente da República, é uma questão de postura", afirmou.
"Vamos
concentrar-nos, unir esforços e articular-nos da melhor maneira, para que se
possa responder às necessidades que as pessoas sentem neste momento, e
preparar-nos para aquilo que esperamos sempre que seja o melhor",
acrescentou.
Questionado
pela Lusa sobre se haverá, passada a crise, um apuramento de responsabilidades,
Jorge Carlos Fonseca afirmou que sim, salientando a necessidade de, então, se
ponderar e avaliar a situação com "objetividade e serenidade", para
que, acontecendo situações parecidas no futuro, se possa "reagir melhor,
de forma mais eficiente, mais organizada e mais articulada".
"Creio
que, num país que é um Estado de Direito democrático, onde há instituições que
funcionam, esse apuramento poderá ser feito, mas, não tendo agora dados
suficientes nem objetivos para fazer qualquer avaliação, preferia que todos se
concentrassem em resolver os problemas de forma articulada", acrescentou.
Jorge
Carlos Fonseca, que chegou ao Fogo para se inteirar da situação no terreno,
nele permanecendo até sábado, afirmou, por outro lado, que as erupções
vulcânicas que ocorrem há 11 dias constituem uma "situação de emergência e
de elevada gravidade", uma vez que os danos são "extensos" e,
para já, difíceis de calcular.
"Uma
situação em que as pessoas correm risco de vida e da sua integridade física,
perdem as suas casas, o gado, os seus pertences e as perspetivas imediatas de
vida só pode ser considerada de elevadíssima gravidade", sustentou.
"Um
país como o nosso tem de se preparar e isto tem de servir também como uma
espécie de lição para que, no futuro, tenhamos respostas cada vez mais
atempadas, aprimoradas e eficientes, porque somos um país com um risco, o de
vulcões", frisou.
No
Fogo, Jorge Carlos Fonseca irá observar a situação em Chã das Caldeiras,
visitar as populações afetadas e que se encontram dispersas pelos três centros
de acolhimento e ajudar a perspetivar o que poderá ser feito a curto, médio e
longo prazos para minorar o sofrimento das populações.
"O
importante neste momento é encontrar as soluções imediatas. As pessoas têm de
estar acolhidas, de se alimentar, de se vestir. Há o problema das crianças, das
escolas e de como reagir face ao evoluir da situação em cada momento. Também
temos de ter elementos para ponderarmos o médio o longo prazos e, para isso,
temos de ter a opinião dos políticos, técnicos e cientistas e a sensibilidade das
pessoas afetadas", resumiu.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário