quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

EX-PRESIDENTE DA POLÓNIA ADMITE QUE PAÍS ABRIGOU PRISÃO SECRETA DA CIA




Aleksander Kwasniewski afirma, porém, que não sabia que prisioneiros eram torturados no local. Base funcionou de 2002 a 2003, quando foi fechada a pedido dos poloneses.

O ex-presidente da Polônia Aleksander Kwasniewski, de 60 anos, reconheceu nesta quarta-feira (10/12), pela primeira vez, que o país europeu permitiu aos serviços secretos dos Estados Unidos usar uma antiga base militar para interrogatórios, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Kwasniewski negou, porém, ter recebido informações de que os prisioneiros eram torturados no local. Ao ser questionado se sabia o que passava dentro da antiga base militar, ele disse: "O que fazia a CIA? Não. Dentro desse lugar, não".

"Concordamos com uma cooperação entre os serviços secretos porque estávamos convencidos de que os Estados Unidos, como um país democrático, agiriam dentro dos limites da lei", disse o ex-presidente, durante entrevista em Varsóvia.

"A parte americana se dirigiu à Polônia para encontrar um lugar tranquilo, onde poderia conduzir atividades que permitiriam a efetiva obtenção de informação de pessoas que haviam declarado sua disposição em colaborar", disse, falando sobre os interrogatórios de suspeitos de terrorismo em solo polonês nos anos de 2002 e 2003. A antiga base militar era Kiejkuty, na região da Masúria.

Kwasniewski ressalvou que a Polônia pediu que os suspeitos fossem tratados como prisioneiros de guerra. Segundo ele, os americanos não assinaram um documento nesse sentido, mas concordaram com a exigência. "Houve uma colaboração dos serviços de segurança, mas não houve uma permissão para a tortura", declarou.

Ele disse que só ficou sabendo que detentos foram torturados no local em 2006, quando relatos começaram a surgir na imprensa. Kwasniewski afirmou que essa cooperação com os EUA foi encerrada no final de 2003, depois de ele ter pressionado o então presidente George W. Bush a fechar a prisão, em meio a dúvidas sobre o que de fato acontecia nela.

O relatório não cita em quais países os agentes da CIA teriam praticados torturas, mas detalhes desclassificados permitiram identificar a Polônia como sendo um deles.

AS/dpa/rtr/dw/ap – Deutsche Welle

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