quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Garantia de eleições no Conselho Legislativo de Hong Kong foi incluída à última hora -- ex-governador




Hong Kong, China, 31 dez (Lusa) - O ex-governador de Hong Kong David Wilson garante que a possibilidade de eleger os deputados no Conselho Legislativo na antiga colónia britânica foi uma "concessão de última hora" de Pequim, antes da assinatura da Declaração Conjunta em 1984.

Em declarações ao jornal South China Morning Post, Wilson explica que a cláusula que assegura que, após a transferência de administração em 1997, o Conselho "deve constituir-se através de eleições" foi introduzida "mesmo no último momento".

"Foi um ponto pelo qual nos batemos, mas a China inicialmente resistiu. Essa foi a concessão final do lado chinês", relata o governador de Hong Kong entre 1987 e 1992, em declarações hoje publicadas pelo jornal.

Wilson fazia parte da equipa que negociou os termos da Declaração Conjunta Sino-Britânica, assinada a 19 de dezembro de 1984 pelo então primeiro-ministro chinês Zhao Ziyang e pela primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.

De acordo com os registos do encontro dos dois governantes em Pequim, a 19 de dezembro de 1984, Zhao disse não estar preparado para fazer comentários sobre o desenvolvimento constitucional durante o período de transição, afirma o jornal.

Wilson, que esteve presente na reunião, lembra como a concessão de eleições para o Conselho surgiu no último momento e foi minimizada. "Zhao não terá encarado [esta concessão] como uma grande questão, até porque estava a assinar um dos mais acordos históricos que a China já assinou. Julgo que não quereria tornar o tema central na sua conversa [com Thatcher]", declara.

O antigo governador disse ainda que britânicos e chineses encaravam o futuro de Hong Kong sob diferentes perspetivas. Segundo Wilson, a administração britânica entendia que, naquela última década, devia "desenvolver as instituições locais de modo a tornar o Governo cada vez mais representativo" e esperava que esse fosse um processo a continuar depois de 1997. Já o lado chinês "não queria assinar um cheque em branco" e esperava que qualquer "mudança significativa" no futuro fosse acordada previamente.

"Se [as mudanças] não fossem acordadas, como é que o Governo britânico de Hong Kong podia esperar que continuassem depois de 1997?", comenta, ao salientar que "houve uma abordagem diferente durante todo o período" até à transição.

ISG// ATR

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