A
Comissão Política da Renamo inicia hoje uma reunião de dois dias na Gorongosa,
centro de Moçambique, para discutir as últimas eleições gerais.
Afonso
Dhlakama, presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), vai estar
presente na reunião, disse à Lusa o seu porta-voz, António Muchanga,
confirmando o regresso do klíder do partido ao local onde se manteve refugiado
durante 17 meses das confrontações militares recentes entre o braço armado do
partido e as forças armadas governamentais.
A
reunião na Gorongosa, considerada um bastião político e militar da Renamo,
acontece pouco mais de dois meses após as eleições gerais de 15 de outubro,
cujos resultados oficiais declarados pela Comissão Nacional de Eleições dão a
vitória à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), com maioria absoluta, e
ao seu candidato, Filipe Nyusi, à primeira volta nas presidenciais.
Tanto
a Renamo como o MDM (Movimento Democrático de Moçambique, segundo maior partido
da oposição) apresentaram queixas ao Conselho Constitucional, alegando
numerosas irregulares, que foram já rejeitadas pelo órgão, que, no entanto,
ainda não validou os resultados finais.
Para
ultrapassar o que considera ter sido "uma fraude planificada", a
Renamo exige a criação de um governo de gestão de cinco anos, com os principais
partidos, uma ideia recusada pelo Presidente da República e da Frelimo, Armando
Guebuza, considerando que seria um desrespeito pelo processo eleitoral e uma
via para a "anarquia".
Dhlakama
passou as últimas semanas a divulgar a sua ideia de governo de gestão e, em
entrevista à Lusa na semana passada, disse que abdicava da via armada, mas que,
se a Frelimo persistir na sua recusa, vai haver "confusão".
"Chamaria
a atenção da Frelimo para não tentar formar governo à força. Porque o que é que
vai acontecer? Posso explicar. Vai haver violência e desobediência. E a Frelimo
vai querer mandar disparar, usar polícia e tudo aquilo e a Renamo não vai
deixar as populações serem massacradas. Nessa batalha iremos voluntariamente entrar",
afirmou. "E ao entrarmos nisto, pronto, estragou-se".
Guebuza
e Dhlakama assinaram a 05 de setembro um acordo de paz, que encerrou 17 meses
de confrontações no centro do país, com um número desconhecido de mortos e
milhares de deslocados.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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