Pequim,
02 dez (Lusa) - Um jornal do Partido Comunista Chinês advertiu hoje que Pequim
poderá "assumir as suas responsabilidades" acerca de Hong Kong, mas
rejeitou a "tentação" de recorrer às forças armadas para
"debelar a agitação" no território.
"Se
os violentos protestos de rua se tornarem factos normais e a polícia local não
for autorizada a tomar uma dura atitude, Hong Kong provavelmente ficará
reduzida à desordem", afirma o Global Times, num editorial sobre as
manifestações pró-democracia que há mais de dois meses agitam aquela Região
Administrativa da China.
Ocupada
pela Grã-Bretanha em meados do século XIX, Hong Kong foi integrada na Republica
Popular da China há 17 anos, segundo a fórmula "um país, dois
sistemas", que garante à população liberdades de expressão e organização
política impensáveis no resto do país.
"Hong
Kong goza de uma autonomia especial sob a jurisdição do Governo central e o
continente apoia a sua prosperidade e estabilidade", assinala o Global
Times, uma publicação em inglês do grupo Diário do Povo, o órgão central do
PCC.
"Mas
se os problemas internos de Hong Kong não podem ser resolvidos, o Governo
central deve assumir as suas próprias responsabilidades", acrescenta.
O
jornal sustenta, contudo, que "o continente não deve ser tentado com
demasiada facilidade a mobilizar tropas para debelar a agitação".
Há
25 anos, o PCC recorreu ao Exército para esmagar o movimento pró-democracia da
Praça Tiananmen, iniciado por estudantes da universidade de Pequim. Centenas de
pessoas morreram e milhares de outras foram presas ou exilaram-se.
O
conflito em Hong Kong
diz respeito à próxima eleição do chefe do executivo do território, marcada
para 2017.
Pequim
aceitou que a eleição seja feita por sufrágio direto, e não por um colégio
eleitoral, como até agora, mas impôs que os candidatos, "dois ou
três", sejam previamente aprovados por um comité de seleção, o que a
oposição considera "uma limitação à democracia".
AC
// VM
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