Embora
as negociações para uma solução de dois Estados não progridam, cresce o número
de países que reconhecem a região como nação soberana. Porém tema é controverso
dentro da comunidade internacional.
O
número de embaixadas e representações diplomáticas palestinas no mundo está
crescendo. A Suécia se tornou no fim de outubro o primeiro membro ocidental da
União Europeia a reconhecer a Palestina como Estado independente. A Bulgária,
Romênia, Polônia, República Tcheca e Hungria já o haviam feito antes de aderir
ao bloco.
Os
parlamentos do Reino Unido, Irlanda e Espanha também se manifestaram a favor
desse passo. Nesta terça-feira (02/12), o parlamento francês vota uma moção
para que o Executivo reconheça o Estado da Palestina, e, ainda este mês, o
Parlamento Europeu estudará um possível reconhecimento.
Há
muitas décadas, os palestinos se esforçam para se tornar um membro respeitado
da comunidade internacional. Em 1947,
a Assembleia Geral das Nações Unidas votou a Resolução
181, pela divisão da entidade geopolítica então denominada Mandato Britânico da
Palestina. O plano previa um Estado israelense e um árabe. Para evitar disputas
sobre Jerusalém – sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos –, a cidade
deveria permanecer sob administração da ONU.
Contudo
o lado árabe e os Estados árabes vizinhos rejeitaram o plano, argumentando que
violava os direitos da maioria da população da Palestina, que naquele momento
era de religiões não judaicas. Na Guerra da Palestina de 1948, Israel conseguiu
expandir seu território. A Faixa de Gaza, povoada por árabes, foi ocupada por
tropas egípcias e a Cisjordânia, por militares da Jordânia.
Em
1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou, entre outras, a Cisjordânia, a
Faixa de Gaza e a zona leste de Jerusalém. A partir disso, o Conselho de
Segurança da ONU aprovou a Resolução 242, que é até hoje a base para propostas
de solução do conflito , do ponto de vista do direito internacional.
Ao
mesmo tempo, que exigia a retirada das forças israelenses dos territórios
ocupados, o documento da ONU enfatizava o direito de todos os Estados a viverem
dentro de fronteiras seguras e reconhecidas. Ignorando a resolução, Israel
manteve anexação de Jerusalém Oriental. A construção de assentamentos judaicos
na Cisjordânia e em
Jerusalém Oriental sedimentou a dificuldade para negociações
sobre o futuro estatuto dos territórios ocupados.
Autonomia
palestina se impõe
De
início, a Organização para Libertação da Palestina (OLP) tentou enfrentar
Israel principalmente através da luta armada. Sob a pressão da primeira
Intifada nos territórios ocupados, a Jordânia renunciou em junho de 1988 a suas reivindicações
territoriais a oeste do Rio Jordão. A OLP proclamou a independência da
Palestina em 15 de novembro de 1988, em Argel. Embora esse
tenha sido um ato simbólico, em poucas semanas cerca de 90 países reconheceram
o Estado, incluindo a antiga República Democrática Alemã (RDA), sob regime
comunista.
No
entanto, a liderança da OLP tinha sua base na Tunísia. Só em 1994, como
resultado dos Acordos de Paz de Oslo, foi criada a Autoridade Nacional
Palestina (ANP), sediada em
Ramallah. Até o momento, mais de 130 países reconheceram a
Palestina como Estado soberano. Na Alemanha, a Palestina é representada por uma
missão diplomática, mas não por uma embaixada.
A
autonomia palestina também tem se imposto dentro de diversas organizações
internacionais. Em 1974, a
OLP foi convidada a ser observadora na Assembleia Geral da ONU. Em 2011, a Autoridade Nacional
Palestina, onde a OLP dá o tom, solicitou adesão plena às Nações Unidas.
Essa
tentativa, contudo, não tinha chance de sucesso, pois os Estados Unidos haviam
anunciado seu veto no Conselho de Segurança da ONU. Em vez disso, a ANP recebeu
em 29 de novembro de 2012 o status de observador na ONU. Na votação na Assembleia
Geral das Nações Unidas, 138 Estados-membros votaram a favor; Israel, EUA e
outros sete Estados foram contra; e 41 países, incluindo a Alemanha, se
abstiveram.
Estatuto
controverso
Do
ponto de vista do direito internacional, um Estado deve ter diversas
características. Critérios decisivos são: um povo nacional, um território e uma
instituição que exerça de forma efetiva o poder estatal.
No
tocante à Palestina, questiona-se se a Autoridade Nacional, sob o presidente
Mahmud Abbas, é capaz de exercer esse poder em grau suficiente. Pois o governo
palestino não tem influência significativa sobre a Faixa de Gaza, onde o
movimento radical Hamas domina. Além disso, a política de ocupação israelense
restringe em diversos aspectos a efetividade do governo de autonomia.
As
consequências do reconhecimento progressivo da Palestina são controversas. EUA,
Israel, Alemanha e alguns outros países acreditam que uma solução abrangente no
Oriente Médio é condição prévia para um reconhecimento da Palestina como
Estado.
Por
outro lado, os defensores de um reconhecimento acreditam que ele poderá
estimular uma nova dinâmica. "Uma onda de reconhecimentos da Palestina por
membros da União Europeia seria um sinal forte a Israel para levar novamente as
negociações a sério, suspender a construção de assentamentos e trabalhar
honestamente para uma solução de dois Estados", declarou o ministro do
Exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn, em entrevista ao jornal alemão Süddeutsche
Zeitung.
Andreas
Gorzewski (md) – Deutsche Welle
*Título alterado por PG
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