O
antigo consultor informático norte-americano Edward Snowden, que revelou a
amplitude do sistema de vigilância norte-americano, qualificou esta
quarta-feira de "crimes sem desculpa" as práticas de tortura da CIA
contidas num relatório do Senado.
"As
coisas que foram feitas são crimes sem desculpa", declarou o antigo
consultor da agência de informações norte-americana NSA, que se exprimia pela
primeira vez em público em França através de teleconferência, a convite da
Amnistia Internacional (AI).
Segundo
as conclusões de um relatório do Senado norte-americano divulgado na
terça-feira, a CIA submeteu dezenas de detidos com ligações à al-Qaeda, após os
atentados do 11 de setembro, a interrogatórios violentos mas ineficazes,
mentindo à opinião pública.
"O
inquérito do Senado é extraordinário. Não posso deixar de ficar extremamente
triste e em cólera pelo que li. É uma marca permanente sobre o governo
americano", acrescentou.
Eduard
Snowden, que se exprimia a partir de Moscovo onde obteve este verão um direito
de residência de três anos, considerou que os responsáveis devem ser punidos,
enquanto o Ministério da Justiça norte-americano informou que o dossier vai
permanecer "fechado" devido à ausência de provas suficientes.
"Se
os Estados Unidos podem autorizar os seus funcionários a torturar e a não
prestar contas, que poderá isso significar para os outros países totalitários,
na Ásia e em África, ou em qualquer outro local do mundo?", sugeriu.
"Se
não comparecerem perante a justiça, não poderemos seguir em frente enquanto
sociedade", acrescentou.
Numa
referência aos "protestos" nos Estados Unidos, incluindo de médicos,
Snowden admitiu que não conseguiram "terminar com estes programas de
torturas", mas apelou a uma "proteção para os emissores de alertas, a
quem devemos dizer, 'vamos ajudar-vos a denunciar esses crimes, vamos
proteger-vos'".
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