O
primeiro-ministro cabo-verdiano admitiu hoje que 2014 foi um ano "muito
difícil", destacando a "persistente" crise económica
internacional, a epidemia de Ébola na África Ocidental, a seca e a erupção
vulcânica na ilha do Fogo.
José
Maria Neves, que discursava por ocasião da apresentação de cumprimentos de Ano
Novo ao presidente cabo-verdiano, realçou que as dificuldades enumeradas vieram
reforçar uma situação já de si "complexa" e "cheia de
constrangimentos restritivos" ao ritmo de crescimento e à dinâmica de
desenvolvimento.
Perante
Jorge Carlos Fonseca e os membros do seu Governo, José Maria Neves lembrou que
as alterações climáticas têm provocado "substanciais alterações" nas
águas territoriais cabo-verdianas, com os "consequentes perigos" para
a navegação marítima.
Na
parte económica, o chefe do executivo de Cabo Verde admitiu também a
"elevada" taxa de desemprego, bem como a mancha de pobreza,
reconhecendo que um quarto da população ainda vive abaixo desse limiar.
No
entanto, José Maria Neves congratulou-se por o arquipélago estar em vias de
atingir os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) ainda este ano,
tal como definiu a ONU, admitindo, porém, que o "longo caminho" até
lá passa pelos desafios do emprego, combate à pobreza, às desigualdades e à exclusão
social.
Garantindo
que a criação de emprego continuará a ser uma "prioridade", José
Maria Neves destacou o trabalho a fazer na melhoria do ambiente de negócios e
do investimento, na modernização das infraestruturas agrícolas, mobilização de
água, garantia de alimentação do gado, promoção de atividades geradoras de
rendimento, sobretudo junto das comunidades mais carenciadas.
A
reconstrução da ilha do Fogo - quase toda a área de Chã das Caldeiras, o
planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos, foi destruída pelo
vulcão - é outra das prioridades governamentais, de forma a compensar a
destruição de terrenos agrícolas e as habitações de cerca de 1.500 pessoas.
Quanto
ao Ébola, epidemia que não atingiu Cabo Verde, José Maria Neves lembrou que o
país continua o "trabalho preventivo", focando-se, depois, na questão
da segurança, desafio que "persiste" e que deve merecer "atenção
especial de todos".
Sem
se referir explicitamente à tentativa de assassínio de que foi alvo o seu filho
mais velho - José Luís Neves foi atingido com quatro tiros a 30 de dezembro
último e encontra-se livre de perigo e a recuperar num hospital em Lisboa -,
José Maria Neves lamentou a "dramática escassez de recursos" humanos
e financeiros para combater a criminalidade.
As
parcerias internacionais na área da segurança, prioridade atual da diplomacia
cabo-verdiana, a par da económica, devem destinar-se a reforçar os meios para
um "combate sem tréguas à criminalidade" e para aumentar a capacidade
de busca e salvamento no mar e no domínio da proteção civil.
"A
segurança do país é um desígnio nacional. (...) Enquanto chefe do Governo,
apelo a todos para um forte combate à criminalidade", sublinhou José Maria
Neves, que, no próximo fim de semana, deixará a liderança do Partido Africano
da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001), cumprindo, porém,
o mandato à frente do Governo até ao final da legislatura, no primeiro
trimestre de 2016.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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