MILITARES
EM PRONTIDÃO
Folha
8 Digital (ao), 24 janeiro 2015
O
longevo Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas, mesmo sem nunca ter
dirigido, uma companhia de 10 militares, mas, talvez por isso mesmo, também,
general de Exército, José Eduardo dos Santos, temeroso face a uma provável,
nova guerra, ordenou e o comandante da Força Aérea Nacional (FAN), general
Francisco Gonçalves Afonso, veio a terreiro garantir aos seus pupilos, e não
só, que o ramo vai ser equipado nos próximos meses com novos radares, material
de defesa antiaérea e aeronaves, apesar da crise económica e financeira
derivada da má gestão do erário público.
O
perigo espreita e é preciso estar atento. Eduardo dos Santos sabe que para negociar
a paz, seja interna ou externamente, é preciso estar preparado para a guerra.
Jonas Savimbi já não é o bode expiatório ideal, mas há outros. Se não há…
inventam-se. Além disso, o Presidente do MPLA, da República e Chefe do Governo
sabe que com os militares não se brinca.
E
tanto assim é que não foi inocente, a realização do 39.º aniversário da Força
Aérea, assinalado no dia 21 de Janeiro de 2015, na Base Aérea de Saurimo, na
província da Lunda Sul.
Primeiro
para uma clara demonstração de força, junto daqueles que mais reclamam, a
miséria que grassa numa das regiões mais ricas diamantiferamente, como os
intelectuais, as forças da oposição e o Movimento do Protectorado
Lunda-Tchokwe.
A
exploração das minas de diamantes nas Lundas, por parte de um grupo restrito e
identificado de generais, de dirigentes do MPLA, de filhos (Isabel tem a mina
com o maior e melhor filão) e familiares do Comandante em Chefe das Forças
Armadas, ao invés de constituir uma mola de desenvolvimento económico e social,
vem significando má utilização dos solos, forte agressão ao ambiente, aliada a
uma nova forma de opressão político-colonial, por parte do regime, onde no afã
de espoliar as populações das suas terras, não se coíbe de prender, deslocar e
assassinar populares.
O
projecto Catoca, dirigido por Ganga Júnior, na fronteira entre a Lunda Norte e
Lunda Sul, é disso um exemplo, com despedimentos sem justa causa e até mesmo
carcere privado a trabalhadores que queiram recorrer, com justa causa, aos
artigos 50.º (Liberdade Sindical) ou ainda o 51.º (Direito à greve e proibição
do lock out) da Constituição. Recentemente, quando um grupo de trabalhadores,
pretendeu filiar-se num novo sindicato, Ganga Júnior chamou a Polícia do MPLA,
que deveria ser Nacional, para impedir o direito à greve, procedendo ao
cárcere privado e aos despedimentos sem justa causa.
Como
se vê, diante deste clima a demonstração da força é, para o regime, uma das
suas armas de eleição. Daí movimentar a máquina bélica e repressiva, para o
teatro das Lundas, onde cresce o clima de opressão às suas populações.
E
num voo rasante, o general Francisco Gonçalves Afonso no seu Mig 27 garantiu
a arquitectura da força: “está desenhada, neste ano e no próximo, a aquisição
de equipamentos para nos irmos adaptando ao novo cenário. Com novos radares,
equipamento de defesa antiaérea e aeronaves”.
Embora
sem adiantar o montante deste investimento, disse tratar-se de um plano de
modernização que começou a ser estudado há vários meses. E, neste caso, o
Orçamento Geral do Estado tem dinheiro. Pode não ter para matar a fome a quem
tem fome, e são milhões, mas com os militares a coisa pia mais fino. Pia
mesmo...
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