Em
meio à comoção gerada pelos atentados terroristas em Paris, um arcebispo
nigeriano acusou países ocidentais de ignorarem as ameaças do grupo Boko Haram.
IHU
– Carta Maior
Em
meio à comoção gerada pelos atentados terroristas em Paris, na França, um
arcebispo nigeriano acusou países ocidentais de ignorarem a ameaça representada
pelo grupo extremista Boko Haram.
O
Arcebispo da cidade de Jos, Ignatius Kaigama, ainda pediu que a mesma atenção dada aos
atentados na França seja dada aos militantes que atuam com cada vez mais
violência no nordeste do país africano.
Segundo
ele, o mundo precisa agir de forma mais determinada para conter o avanço
do Boko Haram na Nigéria.
No
último fim de semana, 23 pessoas foram mortas por três mulheres-bomba, uma das
quais tinha apenas 10 anos de idade.
A
reportagem é publicada por BBC Brasil, 12-01-2015.
Outras
centenas de mortes foram registradas na semana passada, segundo relatos,
durante a captura pelo Boko Haram da cidade de Baga, no Estado de Borno, no nordeste do país.
Em entrevista ao programa Newsday, da BBC, o arcebispo nigeriano disse que o massacre em Baga é a prova de que o Exército do país não consegue conter o grupo extremista.
"É
uma tragédia monumental. Deixou a todos na Nigéria muito tristes. Mas parece
que estamos desamparados. Porque, se fossemos capazes de deter o Boko
Haram, já o teríamos feito. Eles continuam a atacar, matar e a tomar
territórios impunemente", disse Kaigama.
Segundo
ele, a luta contra o extremismo no país requer o mesmo apoio internacional e
espírito de unidade que foi demonstrado após os ataques de militantes na
França.
"Precisamos que este espírito se multiplique, não apenas quando isso ocorre na Europa, mas também na Nigéria, no Níger ou em Camarões."
"Precisamos que este espírito se multiplique, não apenas quando isso ocorre na Europa, mas também na Nigéria, no Níger ou em Camarões."
Mulheres-bomba
No
domingo passado, duas mulheres-bomba mataram quatro pessoas e deixaram mais de
40 feridas na cidade dePotiskum.
Um
dia antes, uma menina realizou outro ataque suicida em Maiduguri, a
principal cidade do nordeste do país, matando ao menos 19 pessoas.
No
último mês, mais de 30 pessoas foram mortas em ataques suicidas simultâneos na
cidade de Jos, que tem cristãos e islâmicos em sua população.
O
secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, condenou os ataques do Boko
Haram, que classificou como "atos depravados".
Em
junho, o Reino Unido disse que intensificaria sua ajuda ao país nas
áreas militar e de educação, para conter o Boko Haram.
Essa
ajuda também inclui treinamento das tropas do país, assim como vêm fazendo
os Estados Unidos.
No
entanto, a Nigéria criticou o governo americano por sua recusa de
vender armas ao país alegando que as tropas nigerianas estavam cometendo abusos
de direitos humanos.
Uma
iniciativa liderada pelo governo francês pediu
que Nigéria, Níger, Camarões e Chade contribuíssem
com 700 soldados cada para uma força internacional contra o Boko Haram, mas
nenhum país implementou o plano.
Violência
chocante
O
Exército nigeriano informou que está tentando retomar a cidade de Baga, que
está sob o controle de militantes, mas não deu detalhes da operação.
Também
disse que, no último sábado, conseguiu impedir que o Boko Haram assumisse o
controle de Damaturu, outra grande cidade do nordeste nigeriano.
Will
Ross, correspondente da BBC News em Lagos, a principal cidade da Nigéria, diz
que a violência no país não tem fim e é cada vez mais chocante, citando o uso
de uma criança em um dos ataques do último fim de semana.
"As
Forças Armadas nigerianas tiveram algumas vitórias, mas têm uma tarefa muito
difícil, de proteger civis de homens-bomba e atiradores que estão espalhados
por uma grande área no nordeste do país. Por isso, com frequência, são
dominadas pelos militantes e falham em sua missão. As autoridades do país não
gostam de ouvir isso, mas é verdade", afirma Ross.
"O
mundo está lentamente começando a manifestar indignação com a recente
violência, mas, além disso, e de uma ajuda limitada, não parece haver vontade
de se envolver mais profundamente no conflito."
Créditos
da foto: European Commission DG ECHO / Flickr
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