Pequim,
23 jan (Lusa) - O governo chinês indicou hoje à agência Lusa desconhecer a
polémica acerca do futuro da base das Lajes, mas reafirmou a disposição de
"aprofundar as amistosas relações" com Portugal.
"Não
conhecemos a situação referida na imprensa em Portugal", disse o gabinete
do porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros acerca do alegado
interesse da China em criar um entreposto comercial na ilha Terceira, Açores,
na sequência da anunciada redução dos efetivos norte-americanos estacionados
naquela base.
O
presidente do governo regional dos Açores, Vasco Cordeiro, salientou, em
entrevista à RTP, a possibilidade de a infraestrutura das Lajes ser usada por
outro país que não os Estados Unidos, dando o exemplo da China, com quem
Portugal tem "uma relação diplomática" que é "muito
anterior" àquela que tem com Washington.
Na
quarta-feira, o Diário de Noticias refere que o governo regional dos Açores
"vê nos chineses uma solução para a prevista redução gradual ao longo
deste ano do número de trabalhadores portugueses de 900 para 400, e de civis e
militares americanos de 650 para 165".
De
acordo com o mesmo jornal, "os chineses querem instalar um entreposto
comercial ali no meio do Atlântico".
Questionado
pela agência Lusa, o gabinete do porta-voz do MNE chinês não confirmou nem
desmentiu o interesse no referido entreposto, salientando antes que as relações
entre a China e Portugal são "amistosas" e que os dois países
assinalam este ano o 10.º aniversário da sua "parceria estratégica
global".
"A
China quer aprofundar a pragmática cooperação com Portugal em várias áreas e
continuar a desenvolver as relações bilaterais", acrescentou o mesmo
gabinete num comentário escrito de quatro linhas.
O
acordo luso-chinês de "parceria estratégica global", um dos primeiros
do género que a China estabeleceu com nações europeias, foi assinado em
dezembro de 2005 em Portugal pelos chefes de governo dos dois países.
Em
julho passado, no final de uma visita à América Latina, o presidente chinês, Xi
Jinping, efetuou uma escala técnica de cerca de oito horas na ilha Terceira,
onde se encontrou com o vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas.
Dois
anos antes, o então primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, escalou também a ilha
Terceira.
Naquela
altura, um conhecido comentador norte-americano, Gordon G. Chang, interpretou a
escala de Wen Jiabao como um sinal de que a China estava a "lançar o anzol
para tomar conta de uma base dos Estados Unidos nos Açores".
AC
// PJA
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