terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Portugal: Chefes de urgência do Garcia de Orta demitem-se por falta de condições




Os sete profissionais que asseguravam a liderança do serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta apresentaram a demissão, justificando este passo com a degradação das condições laborais e o número excessivo de doentes internados naquela unidade de Almada.

A demissão em bloco no serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta foi noticiada pela edição eletrónica do jornal Sol e entretanto confirmada por fonte da administração da unidade, em declarações à agência Lusa.

Na carta de demissão remetida ao Conselho de Administração, obtida pelo Sol, a equipa de sete médicos denuncia que o “agravamento das condições” laborais, “o risco do ato clínico no serviço de urgência e a segurança dos doentes atingiu um ponto crítico e inaceitável”.

A equipa demissionária lembra que havia já advertido os administradores, no início de dezembro, para a degradação das condições de trabalho.

Desde logo para a “excessiva lotação de doentes internados em área de internamento do SU [Serviço de Urgência], que frequentemente ultrapassa os 200 por cento, com óbvia repercussão nos cuidados prestados aos mesmos, condicionando a admissão de novos doentes agudos, assim como na observação de doentes na área de ambulatório”.

Os médicos apontam ainda o “elevado número de doentes com situações infecciosas”, que “impõem necessidades de condições de isolamento físico” e que, “na impossibilidade do mesmo, condicionam acréscimo do risco coletivo”.

“Dificuldades não são exceção”

Ouvida pela Lusa, fonte da administração do Garcia de Orta afiançou que estão já a ser implementadas medidas para “fazer face ao aumento nos internamentos”. E remeteu para esta terça-feira o anúncio de “outras medidas concretas”.

Questionada sobre os reflexos da demissão em bloco no Serviço de Urgência, a mesma fonte prometeu, na mesma linha, que “serão tomadas medidas para resolver a situação”, admitindo a possibilidade de os clínicos recuarem na sua tomada de posição.

“Não haveria [recuo na demissão] se as condições difíceis não fossem reversíveis, mas as condições são reversíveis”, acentuou, para concluir: “Estas dificuldades neste hospital não são exceção. Há medidas que vão ser tomadas para resolver a situação”.

Carlos Santos Neves, RTP

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