O
secretário-geral do PCP defendeu que o programa de compra de dívida pública que
o Banco Central Europeu deverá anunciar hoje é "uma oferta significativa
ao setor financeiro", que não chegará à economia e aos povos.
"Mais
uma vez é uma oferta significativa ao setor financeiro", declarou aos
jornalistas o líder comunista, Jerónimo de Sousa, no final de uma visita à
Escola António Arroio, em Lisboa.
Para
o secretário-geral do PCP, o anúncio que o Banco Central Europeu (BCE) deverá
fazer hoje não configura uma "solução credível e duradoura".
"Antes
pelo contrário. Aquilo que entusiasma alguns é que se prepara uma nova injeção
para o capital financeiro que, mais uma vez vai ter a proteção da União
Europeia, sem responder às responsabilidades dos próprios Estados, à
necessidade do investimento e desenvolvimento económico", argumentou.
Jerónimo
de Sousa argumentou que "a experiência" tem vindo a demonstrar que um
financiamento à banca não se traduz num financiamento à economia.
"Resolvem
os problemas dos banqueiros, não resolvem os problemas dos povos", disse.
Jerónimo
de Sousa defendeu ainda que "esta medida confirma a atual crise que existe
na União Europeia, uma crise que é da própria União Europeia, designadamente em
termos de recessão, em termos de deflação, uma situação de crescimento
económico rastejante".
"Em
segundo lugar, [a solução a anunciar pelo BCE] não resolve problemas
estruturantes, como as questões da dívida, questões que implicam o tratado
orçamental, de uma política diferente que pare de fustigar os povos com milhentas
medidas de austeridade, de saque, de aumento da exploração".
O
Banco Central Europeu (BCE), liderado por Mario Draghi, deve anunciar hoje um
programa de compra de dívida pública, visto como um último recurso para
impulsionar os preços e a economia.
A
decisão poderá sair da primeira reunião do Conselho de Governadores de 2015,
ano em que estas reuniões deixam de ser mensais e passam a ser de seis em seis
semanas.
No
sábado, o jornal Financial Times escreveu que o BCE e a Alemanha, que tem
manifestado reservas em relação a um programa de compra de dívida soberana,
terão encontrado um compromisso e que o mais provável é que os bancos centrais
dos países da zona euro sejam responsáveis pela dívida do seu próprio país.
O
BCE já tentou por outros meios combater a inflação baixa e o crescimento débil
da economia ao descer a sua taxa diretora para 0,05%, um mínimo histórico.
A
instituição liderada pelo italiano Mario Draghi também anunciou empréstimos em
condições mais favoráveis aos bancos e lançou um programa de compra de dívida
privada.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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