Díli,
15 jan (Lusa) - Tony Duarte, presidente da Agência Especializada do
Investimento (AEI), garante que o novo "balcão único" timorense quer
atrair investimento internacional e nacional, facilitar a vida aos investidores
e trazer para Timor-Leste projetos "credíveis e sérios".
Duarte
é, para já, o único elemento da AEI, agência que nasceu formalmente a 1 de
janeiro - substituindo a estrutura de investimento TradeInvest.
Além
de um processo de recrutamento, que já iniciou, a AEI deverá realizar ainda
este ano um 'road show' internacional para atrair investimento para
Timor-Leste.
"Não
podemos ficar à espera que os investidores venham até nós. Muitas pessoas ainda
associam Timor a imagens passadas de guerra ou problemas. Temos que mostrar que
Timor não é isso e que está aberto ao investimento exterior", disse em
entrevista à Lusa.
Com
dezenas de empresas internacionais em Timor-Leste e projetos, de maior ou menor
qualidade, a decorrerem em várias áreas de atividade, Tony Duarte insiste na
necessidade de atrair "investidores credíveis e sérios".
"Não
queremos atrair apenas 'brokers' que infelizmente prometem, mas depois, não
concluem projetos. Precisamos de atrair pessoas com capacidade financeira,
verdadeiros investidores", disse.
A
AEI nasce, por isso, não só como filtro de investimento mas como balcão para
responder a todas as questões relacionadas, incluindo os benefícios aduaneiros
e fiscais.
Por
exemplo, quem investir em Díli e Baucau não paga taxas durante cinco anos, no
enclave de Oecusse e na ilha de Ataúro não paga durante 10 anos e no resto do
país durante oito.
"A
lei de investimento privado prevê a possibilidade de os investidores entrarem
em acordo com o Governo para obterem benefícios adicionais, como por exemplo
acesso mais rentável ao uso de terra ou outros", disse.
Investimentos
até 20 milhões de dólares são decididos e aprovados ao nível da SEAPRI e acima
desse valor têm que ir ao Conselho de Ministros, mas a AEI, garante Duarte,
ajuda em todos os trâmites necessários.
Paralelamente,
explica, está a trabalhar com o Banco Mundial para melhorar a lei de
investimento privado e concluir um "mapa de investimento que identifique
obstáculos, constrangimentos e também oportunidades para o investimento".
Segundo
dados da AEI, desde 2006 o Governo timorense já concedeu 163 certificados a
investidores - 110 estrangeiros, 51 nacionais e dois consórcios, um dos quais o
projeto luso-timorense para a criação do Serviço Nacional de Cadastro (SNC).
Em
causa estiveram investimentos totais de mais de 880 milhões de dólares
representando a criação de 17.541 postos de trabalho.
Entre
eles um investimento de 310 milhões de dólares de uma empresa de Singapura,
para criar um complexo hoteleiro de cinco estrelas entre Dili e Tibar, o
Pelican Paradise, que empregará até duas mil pessoas, em empregos diretos e
indiretos e cuja primeira pedra é lançada daqui a dois meses.
Arrancam
em breve os trabalhos de construção da nova unidade fabril da Heineken,
investimento de 40 milhões de dólares, e vai ser ainda fechado em breve um
outro acordo com uma empresa indonésia para um centro hoteleiro em Díli, projeto
de 10 milhões de dólares.
Os
timorenses também estão a investir e podem igualmente beneficiar de vantagens
fiscais, mas para isso, explica, há que incentivar o crédito, nomeadamente
através do Banco Comercial de Timor-Leste (BCTL).
"O
banco está a estabelecer um manual de investimento para o investidor nacional.
Se não, quem tem dinheiro investe fora", admite.
Esse
impacto nota-se, por exemplo, na metade indonésia da ilha que nos últimos anos
tem registado um desenvolvimento importante apoiado pelo investimento saído de
Timor-Leste.
"Isto
é verdade. O dinheiro está a fugir de Timor. Podemos verificar nas contas do
Banco Central", disse.
"Muitas
das empresas que estão em Timor na construção são empresas indonésias. E o
dinheiro que recebem aqui levam-no para a Indonésia", disse.
ASP
// JPF
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