Macau,
China, 17 mar (Lusa) -- A licenciatura em Direito iniciada no corrente ano
letivo na Universidade de Macau deixa de ser reconhecida automaticamente pelas
autoridades portuguesas, depois da faculdade de Direito ter alterado o programa
de estudos.
"O
curso pode ser reconhecido, mas não de forma automática, como o era através do
despacho conjunto 112/98, que, com base num parecer de especialistas,
reconhecia o curso de Direito em português ministrado na Universidade de Macau,
segundo um determinado plano de estudos anteriormente aprovado e que foi, no
ano letivo em curso, alvo de alterações", explicou à agência Lusa uma fonte
ligada ao processo.
O
curso de Licenciatura em Direito em língua portuguesa a vigorar a partir do
corrente ano letivo, apesar de manter uma duração de cinco anos, sofreu
alterações na duração das disciplinas e introduziu disciplinas novas.
"Não
vejo que seja possível alguém não vir a reconhecer o curso ministrado pela
Universidade de Macau, mas as autoridades portuguesas não estão obrigadas a
fazê-lo da forma como o estavam anteriormente", explicou a fonte,
alertando para a questão de Bolonha, que Macau não segue, como uma das
vantagens do curso local face aos cursos ministrados em Portugal.
"Mas
o despacho conjunto, então assinado pelo ministro da Educação e pelo Governador
de Macau, já não tem qualquer eficácia", sublinhou.
Confrontado
com a questão, Tong Io Cheng, vice-diretor da faculdade de Direito da
Universidade de Macau, explicou que "a faculdade de Direito está aberta ao
desenvolvimento do curso", mas tal implica a "manutenção e a proteção
da relação do programa em português com Portugal".
"Se
o programa mudou de acordo com uma discussão interna que existiu então, o que
me parece, é que o curso aqui foi alterado para seguir um pouco aquilo que
aconteceu em Portugal", frisou sem, contudo, justificar qualquer alteração
programática.
Tong
Io Cheng, que é também deputado nomeado pelo chefe do executivo de Macau na
Assembleia Legislativa, garantiu, por outro lado, que Macau quer manter uma
"forte ligação a Portugal no âmbito do Direito" e que quer manter na
Universidade de Macau a "componente universitária da língua
portuguesa".
"O
mecanismo da faculdade de Direito, como de qualquer faculdade, tem sempre a
questão da evolução porque o Conselho Académico tem de aceitar a evolução de
todos os cursos", disse, reconhecendo que há que "enfrentar a
situação e procurar que o curso continue a ser reconhecido", mas sem
apontar qualquer solução.
Até
agora, os cursos de Direito da Universidade de Macau, como outros programas de
estudos, estavam automaticamente reconhecidos em Portugal, mas a introdução de
alterações aos programas de estudos implicam a inviabilização desse
reconhecimento de forma imediata.
JCS
// VM
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