Díli,
10 mar (Lusa) - A família de um cidadão português preso preventivamente em Díli
desde outubro do ano passado e contra quem, até agora, ainda não foi formulada
qualquer acusação, iniciou hoje nas redes sociais uma campanha de
sensibilização para o caso.
A
campanha, que pede ainda para que se enviem cartas às autoridades timorenses,
refere-se ao caso de Tiago Guerra, que foi detido em Díli, juntamente com a
mulher no passado dia 18 de outubro.
Inês
Lau, irmã de Tiago Guerra e atualmente a residir no Brasil, é um dos familiares
envolvidos na campanha, tendo já enviado uma carta ao primeiro-ministro, Rui
Araújo, com conhecimento para o chefe de Estado timorense, Taur Matan Ruak, o
chefe do Governo português, Pedro Passos Coelho e para o secretário de Estado
das Comunidades Portuguesas, José Cesário.
Na
carta, a que a Lusa teve acesso, Inês Lau manifesta preocupação pela detenção
do seu irmão sem que, até ao momento tenha sido feita qualquer acusação.
"Até
à presente data, o Tiago continua detido em prisão preventiva em Bécora e a sua
mulher está com um Termo de Identidade e Residência, impossibilitada de se
ausentar do país", disse.
"Sabendo
que o Tiago, ao fim de cinco meses de detenção, ainda não foi formalmente
acusado, nem tão pouco diretamente responsabilizado por qualquer crime por ele
cometido, venho manifestar junto de Vossa Excelência a minha profunda
preocupação pela situação do Tiago, agravada pelas insuficiências do sistema
judicial de Timor-Leste", escreve.
A
irmã de Tiago Guerra apela à "intervenção pessoal" do chefe do
Governo timorense para "a breve resolução desta lamentável situação".
Nas
mensagens de sensibilização sobre a situação do Tiago Guerra - que estão
igualmente a ser divulgadas através de uma página do facebook - Inês Lau refere
que a sua cunhada, Fong Fong Chan, continua impossibilitada de sair de
Timor-Leste.
Os
filhos do casal estão atualmente "a morar com os avós paternos em
Portugal".
Inês
Lau denuncia as condições da prisão onde se encontra o irmão, referindo que
está a partilhar uma cela com outros presos, "em débeis condições de
higiene (sem água canalizada, cama ou sequer um colchão".
"Aconselhados
pelos advogados e acreditando na justiça e que tudo se resolveria com
brevidade, visto o Tiago não ter cometido qualquer crime, pouco fizemos para
tornar do conhecimento público esta causa que se tornou humanitária",
disse.
"Ao
fim de quase cinco meses damo-nos conta de que nada mudou e de que se nada for
feito, o Tiago permanecerá encarcerado indefinidamente, esquecido, inocente, e
a sua mulher, Fong Fong, continuará impossibilitada de sair do país. Os filhos
sentem muito a ausência dos pais e anseiam para que ambos regressem a
casa", escreve, pedindo que se gere uma "corrente de
solidariedade".
Não
foi possível à agência Lusa obter junto do Ministério Público ou da
procuradoria-geral timorense qualquer informação sobre o processo de Tiago
Guerra.
ASP
// FV
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