sábado, 28 de março de 2015

Moçambique. FRELIMO QUER DEBATER IDEIAS MAS COM DISCIPLINA




Jorge Rebelo falou que Guebuza anda a meter medo aos militantes, porta-voz diz que as críticas se fazem à porta-fechada.

A Frelimo, partido no poder em Moçambique, negou ontem que esteja a limitar a liberdade de expressão dos seus membros, mas enfatizou que o debate de ideias pelos militantes do partido deve ser feito respeitando a disciplina interna.

Falando à Lusa, à margem da abertura da IV sessão do Comité Central da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), o militante histórico do partido Jorge Rebelo considerou na quinta-feira que o discurso do presidente da organização, Armando Guebuza, na abertura do encontro, cria medo e silencia o debate.

“Ele está a travar a discussão, quando lança esses recados de que há membros que estão a lançar publicamente ideias que enfraquecem o partido. Isso é que é mau, porque mete medo às pessoas e, pronto, aí estamos silenciados”, afirmou o antigo dirigente da Frelimo e ex-ministro da Informação de Samora Machel.

Em conferência de imprensa sobre os trabalhos da IV Sessão do Comité Central que se realiza desde quinta-feira na cidade da Matola, arredores de Maputo, o porta-voz da Frelimo, Damião José, rejeitou a acusação de que Armando Guebuza esteja a tentar silenciar os membros do partido.

“A disciplina faz parte de qualquer organização, o nosso partido, como partido com responsabilidades acrescidas no nosso país, rege-se pela observância da disciplina, não se pode concluir que quando se apela à disciplina há limitação da liberdade de expressão”, afirmou Damião José.

O porta-voz da Frelimo afirmou que os debates no Comité Central, que se realizam à porta fechada, têm decorrido num ambiente de liberdade e que os membros do órgão têm apresentado as suas opiniões à vontade.

“O que preocupa a todos nós, membros do partido Frelimo, é o facto de nalgum momento haver camaradas nossos que têm ideias sobre algum aspecto de funcionamento do nosso partido e não colocam os assuntos no fórum próprio, usam a comunicação social”, afirmou.

Damião José afirmou que nos dois primeiros dias da reunião, o Comité Central aprovou a agenda do encontro e iniciou a análise, em grupos, dos documentos dos órgãos do partido, nomeadamente da Comissão Política, Comité de Verificação e Gabinete Central de Preparação das Eleições Gerais de 15 de Outubro.

Até ao fim da reunião, o Comité Central vai analisar o Plano Quinquenal do Governo, o Plano Económico e Social (PES), o Orçamento Geral do Estado, a actuação da bancada parlamentar da Frelimo e a situação política no país, afirmou Damião José.

No discurso de abertura da IV Sessão do Comité Central da Frelimo, Armando Guebuza criticou os camaradas que publicamente procuram dividir e semear a confusão na força política.

“Preocupa-nos a postura e comportamento de alguns camaradas que publicamente engendram ações que concorrem para perturbar o normal funcionamento dos órgãos e das instituições e para gerar divisões e confusão no nosso seio”, declarou o ex-Presidente moçambicano, que se mantém líder da Frelimo, perante 195 membros do Comité Central e dezenas de convidados.

A agenda da IV Sessão do Comité Central da Frelimo não inclui a questão de uma eventual substituição de Armando Guebuza pelo actual Presidente da República, Filipe Nyusi, também da Frelimo, defendida por alguns quadros do partido como necessária para o fim dos propalados dois centros de poder na condução dos assuntos do Estado moçambicano.

Lusa, em Rede Angola (ao)

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