sábado, 28 de março de 2015

Moçambique. A LUTA DE PODER NA FRELIMO “ESTÁ A PIORAR”




Alex Vines, da Chatham House, garante que o braço-de-ferro está a prejudicar as negociações com a Renamo.

O director do departamento africano no instituto de estudos internacionais Chatham House considera que a luta de poder entre o actual e o antigo Presidente de Moçambique está a piorar.

“A luta de poder entre o antigo Presidente Guebuza e o Presidente Nyusi está a piorar, tendo influência nas decisões do Governo, nos esforços de mediação com a oposição e afectando o clima empresarial”, disse Alex Vines em entrevista à Bloomberg numa altura em que o Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo)está reunido até domingo.

A reunião está a ser ensombrada pela rivalidade entre os dois líderes, embora oficialmente o discurso garante que não há tensões, nem estão previstas alterações na direcção do partido.

“Apesar de o secretário-geral da Frelimo, Eliseu Machava, insistir que a questão da sucessão do presidente da Frelimo não está na agenda da reunião, ela está”, disse Alex Vines, admitindo que “dificilmente a questão será resolvida este fim de semana”, mas avisando que “este tema precisa de ser resolvido pelo Comité Central, até porque o próximo congresso da Frelimo ainda nem está marcado”.

Nyusi venceu as eleições de Outubro do ano passado, herdando a Presidência de Armando Guebuza, que se manteve como líder do partido. Entre as principais tarefas do novo Presidente está a relação com as empresas que vão explorar o gás natural, encarado como o principal motor do crescimento económico e fonte de riquezas do país, para além de todo o gigantesco trabalho de desenvolvimento do país.

A economia, que valia USD 15,6 mil milhões em 2013, deverá crescer dez vezes até 2035, à medida que os recursos naturais começam a ser explorados, segundo os analistas do Standard Bank.

A substituição de Guebuza na liderança do partido “não é preocupação dentro da Frelimo, estamos bem, continuamos unidos e coesos”, afirmou o porta-voz do partido, em conferência de imprensa na sede nacional, na quarta-feira, embora tenha reconhecido que o CC é um órgão soberano e novos pontos podem ser adicionados à ordem dos trabalhos.

A matéria tem sido alvo de ampla discussão nos meios políticos e entre os analistas em Moçambique, que avisam para o risco da convivência de dois centros de poder, diminuindo a acção do chefe de Estado, nomeadamente nas negociações com a Renamo na crise instalada no país após as eleições gerais de 15 de Outubro.

Rede Angola, com Agência Lusa

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