sábado, 28 de março de 2015

Moçambique - Autonomias. “Se não aprovarem, eu tomo conta disto, eles vão embora e acabou”




Dhlakama ameaça e diz que Frelimo vai aprovar regiões autónomas

Líder da Renamo afirma que, se quisesse, podia organizar manifestações e tomar o poder.

Voz da América

O presidente da Renamo Afonso Dhlakama reiterou que a Frelimo vai aprovar a proposta para a criação de regiões autónomas caso contrário o Presidente da República não vai poder governar. O líder da oposição rejeitou a ideia de que vai recorrer às armas e disse que se quisesse podia fazer um apelo popular e  milhares de pessoas sairiam à rua, provocando a queda do governador de Manica, onde se encontra.

Em declarações a uma rádio local em Chimoio, Dhlakama disse ter ido a Santunjira reunir-se com as pessoas e não preparar nenhum ataque militar porque não vai recorrer às armas, mas destaca o apoio popular que desfruta.

"Viu as pessoas que vieram o mato aqui e encheram este lugar num minuto ? Se quiser organizo marchas e avançaremos pelas ruas e o governador de Manica, terá de correr", disse Dhlakama.

Para o líder da Renamo, o Presidente da República necessita da sua ajuda porque Filipe Nyusi deve querer govenar, apesar, segundo Dhlakama, ele não ter ganho a eleição presidencial, mas sim a fraude.

O presidente da Renamo lembra o que aconteceu no Egipto, onde o antigo Presidente Hosni Mubarack caiu apenas com manifestações, apesar de contar com exército e polícia mais poderosos que os de Moçambique.

Apesar de vários sectores da Frelimo terem manifestado a sua oposição ao projecto de criação de regiões autónomas apresentado pela Renamo, Afonso Dhlakama diz estar confiante que a legislação, em debate a partir do próximo dia 31, será aprovado.

«Eles vão aprovar sim porque o Nyusi quer governar. Se eles não aprovarem, eu tomo conta disto, eles vão se embora e acabou », concluiu Dhlakama.

Proposta da Renamo não reúne consenso

Projecto é analisado pela Assembleia da República a partir do dia 31

Ramos Miguel – Voz da América

Em Moçambique, desde a morte do professor Giles Cistac, no passado dia 3, nenhum outro académico apareceu a defender publicamente o projecto das autarquias provinciais, o que pode constituir um constrangimento aos  esforços da Renamo para que o Parlamento aprove o documento a ser discutido a partir do dia 31.

Analistas dizem que Cistac, tendo em conta o interesse que tinha na proposta, poderia ajudar muito quando fosse necessário esclarecer eventuais dúvidas ao longo dos debates.

Cistac defendia que a exigência da Renamo sobre as regiões autónomas tinha cobertura constitucional, e Afonso Dhlakama prometeu vingar-se da morte do académico.

“Seria importante se aparecessem outros académicos apoiantes desta proposta, que, na minha opinião, precisa apenas de ser melhorada, uma vez que pode contribuir para a descentralização e aprofundamento da democracia em Moçambique”, disse o politólogo José Manhiça.

Contudo, o deputado da Renamo na Assembleia da República, José Manteigas, diz que o projecto tem pernas para andar, porque como afirma Afonso Dhlakama sem isso não haverá paz em Moçambique.

Segundo José Manteigas, este projecto "poderá resolver, em parte, as grandes desinteligências em que o país se encontra".

O jurista José Caldeiras diz que para a implementação do projecto da Renamo é preciso fazer uma alteração ao quadro legal mas também ao quadro institucional do país.

"Nós não temos neste momento nenhuma situação em que há autarquias que estão na zona territorial de outras autarquias, que é o que este projecto vem trazer", disse.

Também para o jurista Tomas Vieira Mário, a proposta da Renamo levanta muitas questões, incluindo as relacionadas com as assembleias provinciais, onde, em algumas delas, a Renamo é maioria.

Mário esclareceu que os poderes das assembleias provinciais estão previstos na Constituição da República, e se é para serem alterados, isso implica uma emenda constitucional.

O projecto de lei visa a criação de seis províncias autárquicas no norte e centro do país.

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