Presidenta
comentou protestos contra seu governo e lembrou a luta contra o regime militar
no Brasil
A presidenta
Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira 16 que recebeu as manifestações deste domingo 15 contra seu governo com
humildade, mas firmeza. Segundo ela, as manifestações mostram que o “governo
tem que dialogar, escutar, saber do que se tratam” os protestos. ”Ouvir é a
palavra, e dialogar é a ação”, avaliou durante discurso no Palácio do
Planalto. “Ontem, quando eu vi centenas e milhares de cidadãos se
manifestando, não pude deixar de pensar que valeu a pena lutar pela liberdade e
pela democracia. Esse país está mais forte do que nunca”.
A
presidenta ainda afirmou que faz parte da democracia "não haver
concordância e unanimidade" entre todos os cidadãos. "Só num regime
[ditatorial], alguns pensam que falam e os outros que calem a boca. Não quero
consenso. Você tem que aceitar que vozes são diferentes num país complexo como
esse, mas tem de haver responsabilidade com as instituições”, disse, citanto o
Congresso, o Executivo e o Judiciário.
Depois
do pronunciamento, Dilma respondeu perguntas de jornalistas. Ela reforçou a
intenção do governo de manter o "diálogo" e elogiou o caráter
"pacífico" das manifestações. “Em uma postura de um lado humilde,
você tem de aceitar o diálogo, então nós temos de ser humildes. Estou aberta ao
diálogo. Ao mesmo tempo, o governo tem que ter uma postura firme naquilo que
ele acha que é importante”.
Segundo
Dilma, o governo federal tem dado respostas coerentes aos pedidos que vêm das
ruas, como o anúncio do pacote de medidas de combate à corrupção, que, segundo
ela, será feito nos próximos dias.
No
entanto, há algumas divergências em outras demandas das manifestações, como no
caso do ajuste econômico. “Nós achamos que o ajuste é essencial”, defendeu.
“Não vou deixar de dizer para todo mundo que queremos fazer o ajuste”, disse,
ao reconhecer que as armas de combate à crise se esgotaram e que agora o
governo precisa “iniciar outro caminho”.
Depois
de enumerar as medidas que tomou na área econômica em seu primeiro mandato para
amortecer os efeitos da crise internacional e de garantir que, apesar dos
ajustes, o governo não vai acabar com o crédito nem com a desoneração da folha
de pagamento, Dilma reconheceu que as medidas podem ter falhado, mas que não
acredita qui tenham piorado a situação do país.
“É
possível que a gente possa ter até cometido algum erro de dosagem na reação à
crise”, admitiu. “[Mas] Ninguém pode negar que não fizemos de tudo para a
economia reagir. Em qualquer atividade humana se comete erros, longe de mim achar
que não cometi erro nenhum. O que não posso é ser responsabilizada por algo que
seria pior se não tivéssemos feito, adotado”, justificou.
Dilma
disse que, apesar da postura de humildade em reconhecer erros, só se pode
dialogar com quem está disposto, e que não fará nenhuma “confissão” de erros.
“Se alguém achar que eu não fui humilde em algum diálogo, me diz em qual, que
aí tomo providências. Me diz onde e aí vou avaliar. Estamos dispostos a
dialogar com quem quer que seja, com atitude de humildade, querendo escutar”,
reafirmou.
Perguntada
se cometeu um erro político e isolou o PMDB, principal partido de sua coalizão,
Dilma negou o afastamento. “Longe de nós querer isolar PMDB. Nós temos uma
parceria com o PMDB. Agora, nós temos no Brasil, uma situação que temos de
construir também. Ninguém aqui pode achar que as instituições políticas do país
estão à altura das necessidades do país. E aí vale para todos os partidos, sem
exceção”.
Agência Brasil,
em Carta Capital
– foto José Cruz /abr
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