sexta-feira, 24 de abril de 2015

PALAVRAS XENÓFOBAS DO REI ZULU INFERNIZAM AFRICA DO SUL



Gustavo Mavie

Maputo, 24 Abr (AIM) - A onda de xenofobia que está fazendo da Africa do Sul um inferno prova que quando alguém profere palavras incendiárias, como o fizeram o Rei zulu, Goodwill Zwelithini, e o filho de Zuma, Edward Zuma, pode provocar guerra ou uma situação infernal numa sociedade.

Para que se veja quão Zwelithini e Edward são quem de facto incitaram o sentimento anti-estrangeiro no país, basta ler alguns dos estudos feitos por certos peritos em comunicação, como Paul Arden, Cristina Stuart e Norman Nel. Este último vinca o seguinte:
as palavras podem motivar, inspirar, encorajar, curar, destruir ou infernizar.

As palavras podem causar miséria, guerra, paz ou amor
Sem palavras, não haveria nada nem cidades, navios, aviões Jumbo e nem carros. Aliás, mesmo o livro mais antigo e mais lido, que é a Bíblia, diz que no começo tudo foi Verbo. Nel vinca que só a pessoa que comanda as palavras, está, por conseguinte, em comando.

Cristina Stuart vinca também no seu livro intitulado
Speak For Yourself, que nos dias que correm, fazer um bom trabalho já não é suficiente’’, vincando que para alguém ser bem-sucedido em todas as áreas da vida e da política em particular, dever ser capaz de expressar-se bem, apresentar ideias, ganhar apoio e, acima de tudo, apresentar um aspecto de confiança.

Por seu turno, Nel destaca, num dos seus livros mais vendidos com o título
Words to Set your Speech on Fire, que para que cada um de nós evite este tipo de desastres societários, como a xenofobia que está a afectar a Terra de Mandela, é necessário filtrar as palavras que proferimos dos nossos lábios. Para tanto, diz que devemos guardar na nossa língua todas as palavras diabólicas. Ele revela que cada palavra que proferimos, revela o tipo de pessoa que está em nós.

As palavras têm o poder de quebrar um coração ou curá-lo, pelo que há que dar muita atenção `as palavras que escolhemos. Isto porque uma vez que as proferimos, nunca mais as podemos retirá-las’’, vinca Nel, adiantando que, por conseguinte, o segredo é pensar antes de falares, e escolher cuidadosamente as suas palavras’’.

Nel adverte que
uma única palavra pobremente escolhida pode-se comparar a uma beata lançada por motorista que vai conduzindo o seu camião, após ter fumado um cigarro e que ao cair numa zona com capim causa um incêndio que acaba devastando toda a floresta `a volta e queima todas as boas coisas que lá estiverem, incluindo as casas e toda a fauna bravia.

Diz que o motorista poderá se arrepender depois, mas que não será capaz de evitar mais os danos que essa sua beata terá causado. Lamentavelmente, Zwelithini e Edward Zuma não se mostram arrependidos, como até aqui não pediram desculpas por terem causado esta lamentável e condenável xenofobia.

O REI ZULU E EDWARD ZUMA ESTÃO ULTRAPASSADOS

Uma avaliação do que Zwelithini e Zuma filho disseram, fica claro que eles estão ultrapassados quanto ao tempo e Mundo em que estão a viver. Eles ainda pensam que estão no tempo em que cada povo vivia hermeticamente fechado no seu país, e não queria saber nada dos povos doutros países, porque os encarava como ruins ou inimigos.

Infelizmente, é o que Dhlakama tenta também fazer em relação a nós moçambicanos. Ele quer que voltemos a ver o nosso xadrez tribal, como algo que nos deve separar, e nos torna inimigos. Temos que expor essas suas palavras incendiárias e divisionistas.

Zwelithini e o filho do Zuma não sabem que a fundação das Nações Unidas, em 1945, visava exactamente acabar com esse enclausuramento hermético e animosidade dos países e povos, porque os homens de visão humanitária aperceberam-se cada vez mais que as fronteiras politicam não eram mais do que divisões impostas por políticos de visão curta, que só separavam os Homens e os fazia acreditar erradamente que seres humanos de um e outro país eram intrinsecamente inimigos entre si, e que, por isso, não se deviam misturar e muito menos irem viver ou trabalhar em países doutros povos.

Esta visão errónea é que esteve por detrás das múltiplas guerras entre as nações ao longo de milénios, e que tiveram na I e II Guerras Mundial o seu expoente máximo, que acabariam despoletando a ideia da criação das Nações Unidas. A fundação da SADCC, e mais tarde da SADC, visa essa abolição das fronteiras políticas, para que haja uma maior integração da região. É isto que os míopes políticos Zwelithini e Edward Zuma não entendem.

Graças a esta visão sabia dos fundadores das Nações Unidas há 70 anos, hoje já não existe nenhum país, de entre os cerca de 200 que constituem actualmente o Mundo, que não tenha no seu solo pessoas de outras nações a viver e trabalhar nos seus países. Aqui mesmo em Moçambique temos milhares de cidadãos de vários países que vivem e trabalham connosco, incluindo sul-africanos.

Na verdade, se o que o Rei zulu e o filho de Zuma estão fazendo fosse pegar moda, assistir-se-ia a um caos pandemónico, porque como disse, cada um e todos os países albergam hoje muitos cidadãos de outros países, e caso todos os povos fossem optar pela xenofobia, seria o fim da ordem mundial. É que milhares de cidadãos de uns e outros países teriam que ser expulsos, no que acabaria sendo uma confusão de expulsões mútuas.

O que mostra que os povos já não vivem apenas nos seus países, é que em cada minuto, há pelo menos 2.000 aviões que sulcam os espaços levando pessoas de uns países para outros, o que, multiplicando pelas 200 ou mais de 300 pessoas que cada um deles leva a bordo, já se vê que o Rei zulo pode ser rico em dinheiro, mas é muito pobre quanto ao que sabe do Mundo de hoje.

Se adicionarmos os que viajam em carros, cruzeiros, comboios e outros meios de transporte, então fica mais do que claro que os xenófobos sul-africanos são mesmo míopes humanos que devem ser combatidos a todo o custo.

Quem visita hoje Maputo, Londres, Nova Iorque, facilmente percebe quão os povos de uns países se fixam noutros. Há gente de todas as raças e cores em cada uma destas capitais. Não é por acaso que se diz que a raça do futuro é a dos mestiços, não só feita `a base de pessoas de diferentes cores, mas de tribos e etnias.

REI ZULU NÃO SABE RETRIBUIR SEQUER EM CHUMBO O QUE RECEBEU EM OURO

Na
verdade, o rei Zulu e o filho de Zuma, e todos os que apoiam a sua visão xenófoba, ignoram que a liberdade que desfrutam hoje, que durante séculos foi-lhes negado pelo também diabólico apartheid, só foi possível com a ajuda dos povos de todo o Mundo, incluindo o moçambicano e de toda a região em geral.

De facto, se há um povo que se libertou da tirania com a ajuda de outros povos, esse povo é o sul-africano. Por isso, há uma grande repulsa perante as atitudes xenófobas do Rei zulu e do filho do Zuma. Eles não estão a retribuir sequer em chumbo e muito menos em ouro o que receberam em ouro dos povos da região, da Africa e do resto do Mundo. É muito triste.

Mesmo assim, há que louvar a atitude dos povos de todo o Mundo, ao não retaliar com base na chamada Pena de Talião de dente por dente, olho por olho, porque seria, como disse, um caos total.

Com esta atitude, fica exposta a pobreza mental do Rei zulu, e esperemos que se corrija e saiba finalmente que está no Século XXI, onde as pessoas de uns países podem ir viver e trabalhar noutros países, porque são parte da HUMANIDADE, antes de serem de um certo país.

(AIM) GM/SG

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