sexta-feira, 17 de abril de 2015

Residentes de Shenzhen lamentam medidas que limitam entrada em Hong Kong




Hong Kong, China, 16 abr (Lusa) - Os residentes de Shenzhen, na China, lamentam a restrição a uma entrada semanal em Hong Kong, em vigor desde segunda-feira, e alguns pedem mesmo que a medida seja reciproca, escreve hoje a imprensa local.

Desde que se soube da intenção de limitar a entrada de residentes de Shenzhen em Hong Kong, após protestos contra o comércio paralelo, comentários furiosos invadiram os fóruns online, pedindo às autoridades de Shenzhen que aplicassem restrições reciprocas, escreve hoje o South China Morning Post (SCMP).

Shenzhen fica a pouco mais de uma hora de distância da ilha de Hong Kong e há anos que é um destino frequente para os residentes da antiga colónia britânica, que encontram ali preços muito mais baixos.

Dados oficiais indicam que, em 2013, os residentes de Shenzhen auferiam, em média, 5.218 yuan por mês (790 euros), enquanto os de Hong Kong ganhavam 13.877 dólares de Hong Kong (1.680 euros).

Assim, se por um lado os residentes de Hong Kong se queixam que as lojas da cidade são invadidas por pessoas de Shenzhen que compram grandes quantidades de produtos, como leite em pó, para vender do outro lado da fronteira, por outro os habitantes de Shenzhen consideram que os visitantes de Hong Kong causam um aumento generalizado dos preços.

"Aconselho as autoridades da China Continental a fornecerem vegetais, água e eletricidade a Hong Kong apenas uma vez por semana", escreveu um internauta no Weibo.

Segundo o SCMP, nos fóruns online de Shenzhen eram vários os comentários com este tom. "O que posso dizer? Prevejo que mais pessoas de Hong Kong olhem para nós como cães", indica um comentário.

Alguns internautas expressaram tristeza pela crescente crispação entre as duas cidades. "Costumava sentir que tínhamos muito a aprender com as pessoas de Hong Kong. Eram amistosos e o atendimento nas lojas era ótimo. Já não é assim", disse o dono de uma loja em Shenzhen.

Antes dos protestos em Hong Kong, o empresário deslocava-se à cidade com frequência e gastava vários milhares de dólares de Hong Kong em cada visita. Mas agora sente-se relutante: "É repulsiva a forma como as pessoas de Hong Kong olham para nós. Porque é que tenho de ir a Hong Kong fazer compras quando Macau nos recebe muito melhor?"

Já o dono de uma mercearia no centro comercial de Luohu, junto à fronteira de Shenzhen, que se estima que 20.000 pessoas atravessem diariamente para atividades de comércio paralelo, considera a medida "razoável".

"As pessoas de Hong Kong já não têm nenhuma desculpa para odiar os chineses do continente devido aos problemas que o comércio paralelo trouxe. Mas não acho que devam ficar limitadas a apenas uma visita por semana a Shezhen. Não tem de ser assim", disse ao jornal.

ISG // VM

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