Hong
Kong, China, 16 abr (Lusa) - Os residentes de Shenzhen, na China, lamentam a
restrição a uma entrada semanal em
Hong Kong , em vigor desde segunda-feira, e alguns pedem mesmo
que a medida seja reciproca, escreve hoje a imprensa local.
Desde
que se soube da intenção de limitar a entrada de residentes de Shenzhen em Hong Kong , após
protestos contra o comércio paralelo, comentários furiosos invadiram os fóruns
online, pedindo às autoridades de Shenzhen que aplicassem restrições
reciprocas, escreve hoje o South China Morning Post (SCMP).
Shenzhen
fica a pouco mais de uma hora de distância da ilha de Hong Kong e há anos que é
um destino frequente para os residentes da antiga colónia britânica, que
encontram ali preços muito mais baixos.
Dados
oficiais indicam que, em 2013, os residentes de Shenzhen auferiam, em média,
5.218 yuan por mês (790 euros), enquanto os de Hong Kong ganhavam 13.877
dólares de Hong Kong (1.680 euros).
Assim,
se por um lado os residentes de Hong Kong se queixam que as lojas da cidade são
invadidas por pessoas de Shenzhen que compram grandes quantidades de produtos,
como leite em pó, para vender do outro lado da fronteira, por outro os
habitantes de Shenzhen consideram que os visitantes de Hong Kong causam um
aumento generalizado dos preços.
"Aconselho
as autoridades da China Continental a fornecerem vegetais, água e eletricidade
a Hong Kong apenas uma vez por semana", escreveu um internauta no Weibo.
Segundo
o SCMP, nos fóruns online de Shenzhen eram vários os comentários com este tom.
"O que posso dizer? Prevejo que mais pessoas de Hong Kong olhem para nós
como cães", indica um comentário.
Alguns
internautas expressaram tristeza pela crescente crispação entre as duas
cidades. "Costumava sentir que tínhamos muito a aprender com as pessoas de
Hong Kong. Eram amistosos e o atendimento nas lojas era ótimo. Já não é
assim", disse o dono de uma loja em Shenzhen.
Antes
dos protestos em Hong Kong ,
o empresário deslocava-se à cidade com frequência e gastava vários milhares de
dólares de Hong Kong em cada visita. Mas agora sente-se relutante: "É
repulsiva a forma como as pessoas de Hong Kong olham para nós. Porque é que
tenho de ir a Hong Kong fazer compras quando Macau nos recebe muito
melhor?"
Já
o dono de uma mercearia no centro comercial de Luohu, junto à fronteira de
Shenzhen, que se estima que 20.000 pessoas atravessem diariamente para
atividades de comércio paralelo, considera a medida "razoável".
"As
pessoas de Hong Kong já não têm nenhuma desculpa para odiar os chineses do
continente devido aos problemas que o comércio paralelo trouxe. Mas não acho
que devam ficar limitadas a apenas uma visita por semana a Shezhen. Não tem de
ser assim", disse ao jornal.
ISG
// VM
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