sábado, 27 de junho de 2015

Angola. Ativista com liberdade condicionada. Arão Tempo proibido de sair de Cabinda




O activista seria o palestrante num debate sobre direitos humanos em Benguela

O presidente do conselho provincial da Ordem dos Advogados em Cabinda, Arão Bula Tempo, que pretendia falar em entrevista colectiva de Benguela, sobre a questão  dos Direitos Humanos na província, bem como a perseguição em que activistas são alvos, foi impedido de sair daquela região do país.

A informação avançada pela rádio Voz da Alemanha, indica que o impedimento aconteceu na terça-feira. Arão Tempo seria o palestrante no espaço “Quintas de Debate”, promovido pela organização não governamental OMUNGA, subordinado ao tema “Autodeterminação dos Povos e as Autarquias: Perspectivas para Cabinda”.

Antes de ser impedido, Arão Tempo que esteve detido juntamente com Marcos Mavungo, disse ter recebido uma orientação do sub-procurador da República em Cabinda, António Nito, em não prestar declarações ou participar reuniões relacionados com activismo, sob possibilidade de violar a sua liberdade condicional.

“Chego ao aeroporto e encontro um aparato de polícias, investigadores e homens dos serviços de inteligência e na porta um agente disse-me educadamente que estava impedido de viajar. E perguntei-lhe porquê não podia viajar ao que me respondeu imediatamente que não devia teimar porque estava impedido de viajar”, narrou.

A publicação revela ainda que esta não é a primeira vez que o presidente do conselho provincial da Ordem dos Advogados em Cabinda é proibido de viajar desde que foi posto em liberdade.

O activista alega que vai enviar uma carta pedindo explicações ao governo quanto a esta situação. “Se é que estou impedido de ir a Luanda porque sou natural de Cabinda, porque sou da FLEC, conotado com situações aberrantes, então o governo terá que se pronunciar acerca da minha pessoa para que possamos viver em paz, como cidadão com direitos consubstanciados na Constituição da República de Angola”.

O advogado acusa a policia de estar a inquietar a sua família. “Variadíssimos atentados contra a minha integridade física, até polícias fardados entraram na minha casa para ameaçar as famílias. A minha vida e a da minha família estão em perigo”, alerta o activista.

Por sua vez, o coordenador da Associação OMUNGA, José Patrocínio, que convidou o activista Arão Tempo a província de Benguela, mostrou-se chocado com as actitudes das autoridades. “Ficamos muito preocupados com essa decisão da Procuradoria-Geral, porque isso é mais um acto de violação do direito das pessoas por expressarem as suas opiniões. Mesmo uma pessoa presa não pode ser impedida de expôr as suas opiniões”.

Patrocínio acredita que aos actos da PGR visa de igual modo a incomodar a ONG que dirige. “Não só afecta os cidadãos de Cabinda, mas a todos nós como pessoas que desmontam um sistema que não nos garante proteção”, Finaliza o coordenador da OMUNGA.


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