Jornal
de Angola, editorial
As
constituições de vários países do mundo consagram a defesa da dignidade da
pessoa humana, estabelecendo princípios e normas que vão no sentido de os
Estados garantirem condições de vida que permitam a satisfação de
necessidades básicas por parte dos cidadãos.
A
qualidade de vida é uma questão que tem estado no centro de programas de
Governo em muitos países, havendo constante preocupação em assegurar à
pessoa humana um nível de vida digno.
O Estado angolano tem como uma das tarefas , prevista na Lei Fundamental, a promoção “da melhoria sustentada dos índices de desenvolvimento humano” no país.
Pode concluir-se que o legislador angolano constituinte, ao preocupar-se em incluir no elenco das tarefas fundamentais do Estado a melhoria dos índices de desenvolvimento humano, tinha em vista a necessidade de se criarem as condições para os angolanos terem uma elevada qualidade de vida.
Mas a protecção da dignidade da pessoa humana não é apenas assunto dos Estados isoladamente considerados. Trata-se de uma questão que é objecto de discussão ao nível da comunidade internacional, que produz documentos e procura soluções para os problemas que têm a ver com a concretização de direitos essenciais das pessoas.
Um desses documentos é a “Carta de Milão”, subscrita por Angola, que defende o acesso a alimentos saudáveis, à água limpa e energia para todos os habitantes do planeta. Importa realçar que o documento advoga o direito à alimentação e considera “uma violação da dignidade da pessoa humana a falta de acesso a alimentos saudáveis e em quantidades suficientes”.
Em Angola continua a trabalhar-se de forma intensa no combate à subnutrição e são notáveis os resultados das políticas públicas destinada a acabar com a falta de alimentos.
Prova disso são os elogios que as autoridades angolanas recebem de organizações internacional que apreciam os nosso programa de combate à pobreza.
O ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, disse por ocasião da assinatura da “Carta de Milão” que no nosso país “a agricultura , a pesca e de uma forma geral a fileira alimentar constituem uma prioridade das políticas e estratégias do Executivo”.
Pedro Canga também sublinhou que “as políticas do Executivo têm como objectivo garantir a segurança e a soberania alimentar, a geração de empregos e rendimentos”.
Não admira que Angola, que em África tem sido um exemplo de excelente trabalho na erradicação da pobreza e consequentemente da subnutrição, tenha aderido à “Carta de Milão”, que foi subscrita no final de um Fórum de Ministros da Agricultura , líderes de Organizações Não-Governamentais, especialistas em alimentação e organismos internacionais de todo o mundo.
A “Carta de Milão” tem o mérito de chamar à atenção do mundo para um problema que afecta muitos milhões de pessoas e acredita-se que uma acção colectiva pode contribuir para vencer os grandes desafios ligados à alimentação.
Digno de realce é o facto de na “Carta de Milão” se afirmar a responsabilidade da presente geração na realização de acções, condutas e escolhas que garantam a protecção do direito à alimentação.
Depois da “Carta de Milão”, espera-se que venham a ser tomada em muitos países decisões políticas que viabilizem os grandes objectivos consagrados no documento e que se traduzem em garantir acesso justo à alimentação para todos.
A Carta de Milão salienta que este acesso deve ser considerado “um direito humano fundamental”.
O facto de um elevado número de ministros da Agricultura e de especialistas em alimentação terem debatido um tema tão actual, como é o direito à alimentação, deixa prever que os Estados se vão empenhar em tomar medidas efectivas que levem milhões de pessoas a viver com dignidade.
O que se pretende é que o direito ao acesso aos alimentos, à água limpa e à energia não se reduza apenas à sua consagração em textos normativos. É preciso que os Governos conduzam políticas que possam eficazmente permitir que todas as pessoas em qualquer parte do mundo tenham comida, água e energia.
Que o tema do fórum de Milão - “Alimentar o Planeta, Energia Para a
Vida”- levem os Governos, bem como as organizações internacionais,
incluindo as não-governamentais, a concertar acções no sentido de se
acabar com um flagelo da humanidade que é a fome num mundo em que
paradoxalmente demasiado desperdício de alimentos.
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