Hong
Kong, China, 22 jun (Lusa) -- O deputado pró-democracia de Hong Kong, Ronny
Tong Ka-wah anunciou hoje que vai abandonar o Conselho Legislativo, na
sequência do chumbo de um pacote de reforma política, na quinta-feira.
O
projeto de reforma do sistema de eleição do chefe do Executivo da Região
Administrativa Especial chinesa foi chumbado com 28 votos contra, incluindo o
de Ronny Tong Ka-wah, e apenas oito votos a favor, de deputados pró-governo.
"Gostava
de aproveitar esta oportunidade para pedir desculpa às pessoas que me apoiaram.
Não consegui quase nada, apesar de ter empenhado todos os meus esforços nos
últimos 11 anos", disse o deputado, citado pelo jornal South China Morning
Post.
"Entreguei
a minha carta de demissão ao presidente do LegCo [Conselho Legislativo] Jasper
Tsang Yok-sing às 08:30. A minha demissão terá efeito a 01 de outubro",
declarou.
Tong
disse considerar inapropriado manter o seu assento no órgão legislativo local
já que foi eleito como membro do Partido Cívico, de que foi cofundador mas com
o qual entrou em conflito e que também vai abandonar.
"Espero
que haja um partido político em
Hong Kong que represente a visão das pessoas do meio-termo.
Adotar uma abordagem de meio-termo não significa que se desistiu da luta pela
democracia ou que se está a ser subserviente ao Governo central (chinês)",
disse.
"Após
o fracasso da reforma política, devemos aceitar que o diálogo com o Governo
central é a única forma de conseguir sufrágio universal. Não podemos persuadir
o Governo central [a aceitar a introdução de sufrágio universal] se não
comunicarmos com ele", defendeu, frisando, no entanto que rejeita "o
rótulo de político pró-sistema".
No
debate da semana passada sobre a reforma política, no Conselho Legislativo,
Ronny Tong Ka-wah criticou os pró-democratas por não terem apresentado uma
proposta razoável que convencesse Pequim.
Na
passada quinta-feira, o Conselho Legislativo de Hong Kong chumbou o plano de
reforma política para a eleição do chefe do Executivo proposto por Pequim.
A
proposta de lei previa a introdução do sufrágio universal nas eleições para o
chefe do Governo em 2017, mas só depois de uma pré-seleção de dois a três
candidatos, que ficaria a cabo de um comité composto por 1.200 membros, num
processo descrito pela ala democrata como uma "triagem".
Este
diploma surgiu após a decisão, no final de agosto de 2014, do Comité Permanente
da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma política, e esteve na origem de
um forte movimento de contestação, que levou à ocupação de ruas em Hong Kong durante 79
dias.
ISG
(FV) // JMR
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