segunda-feira, 22 de junho de 2015

Deputado de Hong Kong demite-se em cisão com pró-democratas que chumbaram reforma política




Hong Kong, China, 22 jun (Lusa) -- O deputado pró-democracia de Hong Kong, Ronny Tong Ka-wah anunciou hoje que vai abandonar o Conselho Legislativo, na sequência do chumbo de um pacote de reforma política, na quinta-feira.

O projeto de reforma do sistema de eleição do chefe do Executivo da Região Administrativa Especial chinesa foi chumbado com 28 votos contra, incluindo o de Ronny Tong Ka-wah, e apenas oito votos a favor, de deputados pró-governo.

"Gostava de aproveitar esta oportunidade para pedir desculpa às pessoas que me apoiaram. Não consegui quase nada, apesar de ter empenhado todos os meus esforços nos últimos 11 anos", disse o deputado, citado pelo jornal South China Morning Post.

"Entreguei a minha carta de demissão ao presidente do LegCo [Conselho Legislativo] Jasper Tsang Yok-sing às 08:30. A minha demissão terá efeito a 01 de outubro", declarou.
Tong disse considerar inapropriado manter o seu assento no órgão legislativo local já que foi eleito como membro do Partido Cívico, de que foi cofundador mas com o qual entrou em conflito e que também vai abandonar.

"Espero que haja um partido político em Hong Kong que represente a visão das pessoas do meio-termo. Adotar uma abordagem de meio-termo não significa que se desistiu da luta pela democracia ou que se está a ser subserviente ao Governo central (chinês)", disse.

"Após o fracasso da reforma política, devemos aceitar que o diálogo com o Governo central é a única forma de conseguir sufrágio universal. Não podemos persuadir o Governo central [a aceitar a introdução de sufrágio universal] se não comunicarmos com ele", defendeu, frisando, no entanto que rejeita "o rótulo de político pró-sistema".

No debate da semana passada sobre a reforma política, no Conselho Legislativo, Ronny Tong Ka-wah criticou os pró-democratas por não terem apresentado uma proposta razoável que convencesse Pequim.

Na passada quinta-feira, o Conselho Legislativo de Hong Kong chumbou o plano de reforma política para a eleição do chefe do Executivo proposto por Pequim.

A proposta de lei previa a introdução do sufrágio universal nas eleições para o chefe do Governo em 2017, mas só depois de uma pré-seleção de dois a três candidatos, que ficaria a cabo de um comité composto por 1.200 membros, num processo descrito pela ala democrata como uma "triagem".

Este diploma surgiu após a decisão, no final de agosto de 2014, do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma política, e esteve na origem de um forte movimento de contestação, que levou à ocupação de ruas em Hong Kong durante 79 dias.
ISG (FV) // JMR

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