“Os
mesmos que falharam redondamente em prever os estragos que a austeridade causou
estão agora a dar lições aos outros sobre crescimento?”, questiona o Prémio
Nobel da Economia no New York Times.
Na
sua coluna, Paul Krugman ataca o FMI quando diz que as propostas gregas
prejudicam o crescimento, recordando o historial de falhanço das previsões de
crescimento da economia grega feitas pelo mesmo FMI. Leia aqui o texto
traduzido pelo infoGrécia:
“Tenho estado bastante calado sobre a Grécia, por não querer gritar Grexit num auditório cheio de gente. Mas ao ouvir os relatos das negociações em Bruxelas, algo tem de ser dito – nomeadamente, o que é que os credores, em especial o FMI, julgam que estão a fazer?
“Esta devia ser uma negociação sobre metas para os excedentes orçamentais, e depois sobre o perdão da dívida que previne futuras crises intermináveis. E o governo grego concordou com metas que são até bastante altas, sobretudo considerando que o orçamento teria excedentes enormes se a economia não estivesse tão deprimida. Mas os credores continuam a rejeitar as propostas gregas com o argumento de que dependem muito dos impostos e não o suficiente em cortes na despesa. “Continuamos ainda no ramo de ditar a política interna.
“A suposta razão para a rejeição de uma resposta com base em impostos é que irá
prejudicar o crescimento. A resposta óbvia é: estão a gozar connosco? Os mesmos
que falharam redondamente em prever os estragos que a austeridade causou –
vejam o gráfico, que compara as previsões no memorando de 2010 com a realidade
– estão agora a dar lições aos outros sobre crescimento? Mais ainda, as
preocupações sobre crescimento estão todas do lado da oferta, numa economia a
funcionar pelo menos 20% abaixo da sua capacidade.
"Falem
com as pessoas do FMI e elas vão afirmar a impossibilidade de lidar com o
Syriza, a sua irritação com o exibicionismo, e por aí adiante. Mas aqui não
estamos na escola secundária. E neste momento são os credores, muito mais que o
Syriza, que estão a mudar as balizas de sítio. Afinal o que se passa? O
objetivo é partir o Syriza? É obrigar a Grécia a uma bancarrota presumivelmente
desastrosa, para dar força aos outros?
Nesta altura é preciso deixar de falar sobre o “Graccident”; se acontecer o “Grexit” será porque os credores, ou pelo menos o FMI, quis que isso acontecesse".
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