O
primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou na noite de sexta-feira a
realização de um referendo na Grécia sobre o texto que possa resultar das
negociações no Eurogrupo e com os seus credores.
Os
ministros das Finanças da Zona Euro (Eurogrupo) vão reunir-se este sábado, em
Bruxelas, a partir das 13:00 de Lisboa e está também prevista a participação de
dirigentes gregos uma reunião com o presidente do Banco Central Europeu, Mario
Draghi, segundo fonte governamental citada pela Bloomberg.
"O
povo deve decidir fora de qualquer chantagem (...) o referendo vai realizar-se
em 5 de julho", afirmou o primeiro-ministro, durante uma intervenção
televisiva, difundida pelas televisões gregas cerca das 01:00 locais (23:00 de
Lisboa), na véspera de uma última reunião do Eurogrupo e antes de uma possível
entrada em incumprimento da Grécia, que tem um reembolso ao Fundo Monetário
Internacional agendado para 30 de junho.
A
este propósito, Tsipras afirmou que ia solicitar a extensão deste prazo, para
depois do referendo.
"Durante
seis meses, o governo grego fez um combate para terminar com o rigor e
encontrar um acordo viável que respeite a democracia. Pediram-nos que
aplicássemos medidas de austeridade como os governos anteriores (...) as
propostas dos credores agravam as desigualdades sociais, provocam a
desregulamentação do mercado de trabalho, cortes nas pensões de reforma, a
subida do imposto sobre o valor acrescentado dos produtos alimentares e têm por
objetivo a humilhação de todo um povo", afirmou o chefe do governo.
"É
uma responsabilidade histórica que se nos apresenta para decidir o futuro do
país (...) nos próximos dias é preciso tomar decisões das quais vão depender as
próximas gerações", acrescentou.
O
chefe do governo grego adiantou que tinha informado outros dirigentes europeus,
designadamente Angela Merkel e Mario Draghi, desta sua decisão.
A
intervenção de Tsipras, feita a partir da residência do primeiro-ministro em
Atenas, durou cinco minutos, durante os quais falou com ar grave.
Em
declarações à Lusa em Atenas, fonte oficial do Syriza revelou que este vai
apelar ao "não" no referendo de 5 de julho, sobre se deve, ou não,
ser aceite a proposta dos credores internacionais.
"O
Syriza vai apelar ao voto não no referendo" e "estamos seguros que o
povo grego vai tornar claro que não aceitará ultimatos da 'troika', mas em
qualquer circunstância, seja qual for a decisão do povo grego, vamos
respeitá-la e queremos sublinhar que a Europa é a nossa casa comum e que a
Grécia sempre será parte da Europa", disse uma deputada do partido do
Governo helénico.
A
Grécia rejeitou na sexta-feira uma proposta, feita pelos credores em Bruxelas,
de entrega de 12 mil milhões de euros até novembro, em quatro prestações, que o
ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, estimou que estava concebida de tal
forma que se arriscava a enfraquecer ainda mais a economia grega.
O
ministro da Reforma Administrativa, Georges Katrougalos, considerou por seu
turno que "o referendo não seria um 'sim ou não' ao euro, mas sim ao
acordo alcançado".
Entretanto,
depois do discurso de Tsipras, foi confirmada pelo seu porta-voz, Gabriel
Sakellaridis, a presença de Varoufakis no Eurogrupo de hoje, bem como a votação
no parlamento grego do referendo, hoje à noite.
A
Bloomberg citou um responsável governamental, sob anonimato, que os bancos vão
abrir na segunda-feira de forma normal e que não está planeada a instauração de
qualquer controlo de capitais.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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