quinta-feira, 18 de junho de 2015

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, UM PAÍS COM ESPERANÇA NO PETRÓLEO




No meio de um mar de petróleo – o Golfo da Guiné  – a história de instabilidade política de São Tomé e Príncipe  tem como pano de fundo a fragilidade económica do arquipélago. A única solução é a ansiada exploração petrolífera, prometida mas nunca cumprida.

São Tomé e Príncipe, um país lusófono constituído por duas ilhas principais e vários ilhéus, a 300 quilómetros da costa ocidental de África, tornou-se independente em 12 de julho de 1975, dando origem à República Democrática de São Tomé e Príncipe ao fim de 500 anos de domínio colonial.

No novo país do Golfo da Guiné, ao contrário do que aconteceu nas antigas colónias de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, não ocorreu luta armada de libertação. A independência foi assumida pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), no âmbito dos processos de descolonização desencadeados, em 1974, na sequência da Revolução do 25 de Abril, que pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal.

Em 26 de novembro de 1974, tinha sido celebrado em Argel, entre o MLSTP e o Governo português, o acordo que visava a independência. Manuel Pinto da Costa foi o primeiro Presidente da República, protagonizando depois, ao longo de 15 anos, um regime de partido único de inspiração marxista.

O líder histórico do MLSTP ocupa de novo a chefia do Estado, desde 2011, desta vez eleito pelo povo. Sucedeu a Fradique de Menezes, que esteve dez anos no cargo, dois mandatos, tantos como Miguel Trovoada, Presidente da República entre 1991 e 2001. Antigo companheiro de juventude de Manuel Pinto da Costa, Trovoada foi também primeiro-ministro, entre 1975 e 1979. Os dois fundaram em 1960, no Gana, o Comité pela Libertação de São Tomé e Príncipe, um grupo nacionalista que daria lugar ao MLSTP, em 1972.

Após o colapso da União Soviética, em 1991, São Tomé e Príncipe adotou o multipartidarismo. Surgiram novas formações políticas, como a Ação Democrática Independente (ADI), o Partido de Convergência Democrática (PCD) e o Movimento Democrático Força de Mudança (MDFM, além de partidos sem representação parlamentar. E em 1998, o antigo partido único passou a designar-se Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD).

As ilhas de São Tomé e Príncipe não seriam habitadas quando lá chegaram os descobridores portugueses João de Santarém e Pedro Escobar, em 1470. No entanto, alguns autores defendem que o arquipélago já teria população nativa, os angolares. Colonizado por cristãos-novos expulsos de Portugal pela Inquisição, o território passou a ocupar escravos africanos nas plantações de açúcar, tendo ainda funcionado durante séculos como entreposto do comércio de escravos para o Brasil e o Caribe. No século XVI, destacou-se na produção de açúcar e ainda como ponto de apoio à colonização de Angola.

No século XVII, durante a dinastia Filipina, os holandeses ocuparam algum tempo a ilha de São Tomé, então várias vezes atacada por corsários franceses. Já sob o domínio espanhol, entre 1590 e 1595, registaram-se sucessivas rebeliões locais, das quais a mais célebre foi a Revolta dos Angolares.

Estes levantamentos e a concorrência do açúcar brasileiro ditaram a decadência da economia insular até à introdução da cultura do café, no século XIX, a que se seguiu a aposta no cacau. A abolição da escravatura no Brasil, em 1888, acabou também por favorecer o novo ciclo de comércio em São Tomé e Príncipe. O café e o cacau foram a base da economia local, nos séculos XIX e XX, e a antiga colónia ocupou mesmo o lugar de primeiro produtor mundial de cacau.

Em 1953, ocorreu o massacre de Batepá, a mando do governador português Carlos Gorgulho e com a participação de figuras cimeiras do aparelho colonial. Centenas de santomenses – ou mesmo milhares, segundo algumas versões – foram chacinados por recusarem ser contratados à força para as plantações ou para trabalhar como escravos nas obras públicas.

Nos anos 1990, a descoberta de petróleo ao largo do arquipélago criou novas expectativas de desenvolvimento. Contudo, as anunciadas vantagens do tratado de exploração conjunta, assinado em 2011 com a Nigéria, não suscitam consenso entre os 140 mil habitantes do país. São Tomé e Príncipe é um dos oito membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Casimiro Simões – Lusa, em DIAS DA INDEPENDÊNCIA

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