Lisboa/Portugal -
Na mesma semana em que, no Brasil, a jornalista Maria Júlia Coutinho,
apresentadora do tempo do Jornal Nacional, da Rede Globo, se tornou alvo de
hostilidades e ataques racistas, em Portugal, Conceição Queiroz, jornalista
portuguesa nascida em Moçambique assumiu o jornalismo da TVI24, canal de
notícias a cabo da TVI, uma das principais estações da televisão portuguesa.
É
o que relata, o jornalista Alberto Castro, correspondente de Afropress em
Londres. "Um dia após os restos mortais do grande Eusébio da Silva
Ferreira receber honras de Estado e passar a repousar eternamente no Panteão
Nacional, ao lado dos grandes vultos da história de Portugal, o país do agora
imortal Pantera Negra, marcou mais um golaço em favor da inclusão e da sua
diversidade étnico-racial" conta Castro, ao mencionar a data em que Queiroz assumiu o
telejornalismo do canal.
Ela
tem nacionalidade portuguesa, mas nasceu em Moçambique. Desde
sábado (04/07), a jornalista assumiu a apresentação do telejornal da TVI24, que
vai ao ar das 09h às 15h, na TVI. Conceição tornou-se, 21 anos
depois, a segunda pessoa negra a sentar-se na bancada principal da estação de TV. A
primeira foi José Mussuali, também de origem moçambicana que, em 1994, fez
história ao se tornar no primeiro homem negro a apresentar um telejornal,
e logo em horário nobre.
''É
importante assumir a diferença. Assumo toda a minha africanidade'', disse
Conceição, em entrevista ao jornal luso Diário de Notícias. Ciente da realidade
e dos preconceitos raciais que disse já ter sentido na pele, a jornalista
mostra-se, no entanto, otimista quanto ao futuro, lembrando ser perfeitamente
comum a presença de âncoras das mais diversas etnias no panorama
televisivo de países como a Inglaterra ou os Estados Unidos.
''Acho
que vamos chegar lá. Vai demorar algum tempo, mas esta situação já é um bom
sinal, estamos no bom caminho", afirmou.
Em Portugal, segundo Alberto, são poucos os casos de profissionais de imprensa originários de minorias étnicas como apresentadores principais de programas informativos ou de entretenimento. "A jornalista Alberta Marques Fernandes foi o primeiro rosto marcadamente afrodescendente do noticiário da televisãoem
Portugal. Atualmente moderadora de programas e apresentadora
de noticiários na RTP Informação, ela fez história em 1992 quando se
tornou na primeira pessoa a abrir as emissões da SIC", afirma.
Em Portugal, segundo Alberto, são poucos os casos de profissionais de imprensa originários de minorias étnicas como apresentadores principais de programas informativos ou de entretenimento. "A jornalista Alberta Marques Fernandes foi o primeiro rosto marcadamente afrodescendente do noticiário da televisão
*Alberto
Castro é correspondente de Afropress em Londres e colabora em Página Global
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