Vanessa
Martina Silva, São Paulo – Opera Mundi
Os
9 detentores das 16 mil ogivas estão modernizando seus arsenais e não há
indícios de que possam abrir mão do programa nuclear num futuro próximo
Em
1945, ainda no contexto da 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos lançaram a
bomba “Little Boy” (pequeno garoto) sobre Hiroshima, resultando na morte de
cerca de 140 mil civis japoneses. Passados 70 anos, apesar dos tratados de
desarmamento nuclear, a quantidade de armas deste tipo existente, mais de 16
mil, seria suficiente para armar todos os países do mundo com 85 ogivas — ou o
equivalente ao arsenal nuclear de Israel, como indica o último Boletim
dos Cientistas Atômicos, publicado ano passado.
Hiroshima foi o primeiro alvo de uma bomba nuclear na história.
Três dias depois, a também japonesa Nagasaki teria o mesmo tratamento, alvo da
ogiva norte-americana “Fat Man” (Homem Gordo). O saldo total de mortos
decorrentes dos dois ataques ultrapassa os 200 mil civis japoneses. Após os
bombardeios, ocorreram mais de 2.000 detonações de bombas nucleares em testes e
demonstrações, nenhuma delas foi em outra guerra.
O
uso das bombas impulsionou a corrida armamentista entre Estados Unidos e a URSS
(União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) durante o período conhecido como
Guerra Fria (1945-1991). Não por acaso, hoje Rússia e os EUA detêm 93% das
armas nucleares de todo o mundo.
A
quantidade de ogivas prontas para o uso sob a posse de Washington e Moscou é
aproximadamente 25 vezes superior à da França, que detém o terceiro maior
arsenal. E, se permanecer no mesmo ritmo de crescimento, os dois arsenais que
crescem mais rapidamente, Paquistão e Índia, poderiam levar 760 anos para
atingir os dois países no topo da lista.
Gastos
De
acordo com a ONG Global Zero, que defende um mundo sem armas nucleares,
nesta década (entre 2010 e 2020), os governos ao redor do mundo gastarão em
torno de US$ 1 trilhão em armas nucleares.
A mesma organização aponta que os nove países gastaram, em 2011, aproximadamente US$ 100 bilhões de dólares em programas nucleares — sendo que somente os Estados Unidos gastaram US$ 61,3 bilhões —. O estudo considera ainda que, em uma estimativa conservadora, o custo representa 9% do total de investimentos militares a cada ano.
Em
tom crítico, a ONG pontua que os gestores precisam fazer escolhas, “sobretudo
em tempos de crise”, e que preferem realizar cortes em “educação, saúde,
segurança pública e outros serviços essenciais”, mas não em armas nucleares.
Não-Proliferação
São
nove os países que possuem reconhecidamente armas nucleares: Estados Unidos,
Rússia, Reino Unido, França, República Popular da China, Índia, Paquistão e
Coreia do Norte e Israel.
Mas,
somente os cinco países integrantes do TNP (Tratado de Não-Proliferação de
Armas Nucleares), e que também são os cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança da ONU — Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China —
possuem mais de 98% das armas nucleares do mundo, como aponta o estudo citado.
Assim,
apesar do aumento de armamento em países fora do TNP, a responsabilidade pela
redução das armas de destruição em massa é predominantemente do chamado grupo
dos cinco, diz o estudo científico.
O
trabalho, realizado por Hans M. Kristensen e Robert S. Norris, ambos da
Federação de Cientistas Norte-Americanos, conclui que o TNP está diante de um
dilema. "Após décadas de redução dos níveis das ogivas nucleares após a
Guerra Fria, esta tendência parece ter diminuído e todos os Estados com
armamento nuclear estão ocupados modernizando seus arsenais nucleares. Não há
indicações de que alguma das potências esteja planejando desistir das armas
nucleares em um futuro previsível. Ao contrário, todas falam da importância das
armas nucleares para a segurança nacional”, aponta.
Na
foto: Imagem cedida pelo exército dos EUA mostra momento da explosão da bomba
em Hiroshima
Leia mais em Opera Mundi
Análise: Hiroshima e Nagasaki nunca mais!
Charge do Latuff: 70 anos das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki
Análise: Hiroshima e Nagasaki nunca mais!
Charge do Latuff: 70 anos das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki
Sem comentários:
Enviar um comentário