Época
publica ‘revelações’ sobre vida sexual da presidente Dilma Rousseff.
Repercussão negativa da grosseria fez com que a revista retirasse o texto do
ar.
João
Luiz Vieira, um dos editores da revista Época, que pertence ao grupo Globo,
publicou uma grosseria que repercutiu mal na internet e na imprensa em geral.
Em
seu artigo “Dilma e o Sexo”, Vieira atribui os problemas da presidente Dilma
Rousseff à “falta de erotismo”. A baixaria, que já foi retirada do ar (estava aqui), ainda pode ser lida aqui.
Mas,
afinal, o que leva um profissional (Vieira é jornalista há 26 anos) a escrever
uma espécie de crônica sobre a vida sexual da presidente da República para
tentar explicar a crise política e econômica que atravessa o Brasil?
Para
o jornalista Fernando Brito, Época ultrapassou todos os limites da civilidade.
“Época, como sub-Veja que sempre foi, apenas colhe os frutos de uma mídia
empresarial que perdeu todo o limite de civilidade e bota Jabores, Rodrigos,
Reinaldos, Gentilis e outros a rosnar. E outros que, sibilantes, revestem a
peçonha em termos e temas pretensamente “cults”. Tornamo-nos a república dos
imbecis, dos ofensores, da xingação. Que época!”, afirma Brito.
Alguns
internautas se assustaram com a publicação da Época, independentemente de serem
ou não eleitores da atual presidente ou de estarem de acordo com o governo
vigente. “O que é isso? Até que ponto esses caras se rebaixarão moral e
intelectualmente? Tudo bem, eles contam com a simpatias de imbecis piores que
eles. Mas senso de ridículo, nunca tiveram nenhum? Ou abrem mão dele agora em
razão de seus “objetivos maiores”? Cara, que gente podre”, escreveu Marcos
Nunes.
“Isso
não é jornalismo, é um esgoto dos mais fétidos. Me senti agredida como mulher.
O que virá em seguida? Que presidência é lugar de homem (rico) e que ela
deveria ir lavar uma louça ou costurar uma roupa? Estou perplexa”, criticou Ana
Maria.
Leia
abaixo trechos do texto de João Luiz Vieira, editor da Época:
Não
a conheço pessoalmente, nem sei de ninguém que a viu nua, mas é bem provável
que sua sexualidade tenha sido subtraída há pelo menos uma década, como que
provando exatamente o contrário: poder e sexo precisando se aniquilar.
Será
que Dilma devaneia, sente falta de alguém para preencher a solidão que o poder
provoca em noites insones? Será que ela não se ressente de um ser humano para
declarar que quer mandar todo mundo para aquele lugar, afinal ela não tem como
dizer isso para o neto, supostamente seu melhor amigo, que ainda nem sabe ler?
Será que ela não sente falta de comer pipoca enquanto assiste suas séries de TV
paga, que tanto ama e a faz relaxar das pressões inerentes ao cargo?
[…]
Dilma,
não. Dilma é de uma geração de mulheres anti-Jane Fonda, que acreditam que a
sexualidade termina antes mesmo dos 60 anos, depois de criados filhos e ter
tido seus netos. A atriz norte-americana foi uma combatente política quando era
antidemocrático falar mal dos Estados Unidos, nação que estava dizimando
vietnamitas e ela, no auge da beleza e do erotismo explícito como a emblemática
personagem Barbarella, posou numa trincheira.
Isso
foi no fim dos anos 1960, quando Dilma começou a lutar por democracia nos
nossos anos de ditadura (1964-1985). Jane hoje é uma contumaz usuária de
testosterona para regular seus hormônios e manter sua sexualidade gritando aos
77 anos. A atriz, precursora da autoestima para uma geração de mulheres no
mundo inteiro, chega ao terço final de sua via exalando erotismo.
[…]
Diz-se
que as amazonas, filhas de Ares, deus da guerra, cortavam um dos seios para
manusear o arco e flecha e lutar. Ou seja, o feminino guerreiro precisaria
extirpar a própria feminilidade. Não deveria, mas muitas vezes a exclui, e
exemplos temos aos montes. Fragilizar-se é compatível com o cargo que essas
senhoras almejam? Talvez sim, talvez não.
Dilma,
se fosse seu amigo lhe diria: erotize-se.
Pragmatismo
Político
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